Ana rejeita a atitude dogmática do género “Nós estamos certos e eles errados”. Percebe a necessidade de compreender as sociedades. Estas são ideias positivas. Mas, em seguida, afirma também que nenhum dos lados pode estar errado. Isto limita a nossa capacidade para aprender. Se a nossa cultura não pode estar errada, não pode aprender com os seus próprios erros. Compreender as normas de outras culturas não permitirá ajudar-nos a corrigir os erros (…) [da nossa cultura, uma vez que esta não está errada (ou certa)]. Ana rejeita a crença em valores objectivos e chama-lhe o “mito da objectividade”. Nesta perspectiva, as coisas são um bem ou mal apenas relativamente a esta ou àquela cultura. Não são objectivamente boas ou más, como Kant pensava. Mas será [a objectividade dos valores] realmente um “mito”? O ponto de vista objectivista [ou essencialista] afirma que algumas coisas são objectivamente um bem ou um mal, independentemente do que possamos pensar ou sentir; contudo, esta perspectiva está preparada para aceitar algum relativismo noutras áreas. Muitas regras sociais são claramente determinadas por padrões locais: Regra local: “É proibido virar à direita com a luz vermelha”. Regra de etiqueta local: “Use o garfo apenas com a mão esquerda”.
É necessário respeitar este género de regras locais; ao proceder de outra maneira podemos ferir as pessoas, quer porque chocámos contra os seus carros, quer porque ferimos os seus sentimentos. Na concepção objectivista, a exigência de não magoar as outras pessoas é uma regra de um género diferente – uma regra moral – não determinada por costumes locais. Considera-se que as regras morais possuem mais autoridade do que as leis governamentais ou as regras de etiqueta; são regras que qualquer sociedade deve respeitar se quiser sobreviver e prosperar. Se visitarmos um lugar cujos padrões permitem magoar as pessoas (…), então esses padrões estão errados. O relativismo cultural disputa [discorda] esta afirmação. A ideia é que os padrões locais são determinantes, ainda que se trate de princípios morais básicos; assim, ferir outras pessoas (…) é um bem se esta atitude for socialmente aprovada. Respeitar as diferenças culturais não nos transforma em relativistas culturais. Este é um falso estereótipo. O que caracteriza o relativismo cultural é a afirmação de que tudo o que é socialmente aprovado é um bem”.
(Texto adaptado) Harry Gensler, Ética e Relativismo Cultural
1 comentário:
Tal como o subjetivismo, o relativismo torna possível todas as verdades por mais horrendas e desumanas que sejam… Pergunto-me até que ponto podemos permitir que o ato de “matar crianças” (por exemplo) é correto… Analisando estes casos extremos, conclui-se que por vezes a ideia de que deve existir sempre tolerância para com as outras sociedades (deixar que tudo seja possível desde que a sociedade aprove, no caso do relativismo cultural) é limitada a certas situações. Será que realmente “tudo o que é socialmente aprovado é um bem”? Parece-me que não…
Realmente pode haver culturas com opiniões contrárias e com códigos morais diferentes, surgindo assim desacordos morais, contudo estes, por sua vez, não impedem que haja verdades absolutas, já que uma das sociedades pode estar errada. Imagine-se que a sociedade A defende que matar seres humanos é correto e a sociedade B defende precisamente o contrário…. Existe claramente um desacordo moral, contudo não podemos afirmar que não existe uma verdade objectiva para este assunto, visto que uma das sociedades pode estar errada (a maioria pode estar enganada), não significando que essa verdade moral seja relativa à cultura… Assim acho que este argumento da diversidade cultural é implausível, pois, o facto de em culturas diferentes as pessoas terem convicções morais diferentes não significa que não haja verdades absolutas e que estas sejam relativas à cultura apenas por existir essa diversidade cultural, pois como já disse, é muito provável que no seio de toda esta diversidade, algumas ideias defendidas por determinadas sociedades estão erradas.
Ana Cristina
10º B
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