É, incontestavelmente, uma das figuras mais proeminentes da história do
pensamento humano. Foi matemático e foi, sobretudo, um grande
filósofo, tendo sido considerado o pai da filosofia moderna. Refiro-me a Descartes
que viveu apenas 54 anos, mas teve tempo
de viajar e aprender por muitos países da europa, num tempo e sociedade ainda
tolhida pelo feudalismo, por regimes políticos absolutistas onde a liberdade, a
criatividade e a descoberta eram ainda heresias sufocadas por uma Igreja
Católica inquisitória que não olhava a meios para atingir os seus fins
“sagrados”. É o único filósofo que se manteve, nos últimos 20 anos,
insubstituível nos programas de filosofia do Ensino Secundário. Muitas vezes me
interrogo porque é que filósofos como Descartes se mantêm como referências do
conhecimento humano durante séculos (Descartes viveu entre 1596 e 1650). No
entanto, há que reconhecer que além do seu importante contributo para
matemática, a filosofia e a ciência Descartes teve outro mérito não menos
importante: quis, no século XVII, reformar ou refundar todo o conhecimento
humano. Este assentava em princípios escolásticos da idade média onde o
espírito científico ou de investigação eram substituídos pelo ensino retórico e
livresco. Descartes percebeu que, naquele tempo, era fundamental demolir o
velho saber e reconstruir um “novo edifício do conhecimento” assente em bases
sólidas. Para essa empreitada considerou fundamental como princípio
metodológico a “dúvida” levada até às últimas consequências, sendo por isso
considerada uma dúvida hiperbólica que punha em causa não só as crenças mais
básicas do seu tempo mas também, por exemplo, a existência do mundo físico e, inclusivamente,
a do próprio Descartes.
22 fevereiro 2013
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