28 janeiro 2010

Filósofo Pedro Galvão defende direito dos animais à vida e à integridade física e psicológica


















O filósofo Pedro Galvão, da Universidade de Lisboa, esteve ontem, dia 27 de Janeiro, no Externato Infante D. Henrique numa conferência intitulada “Os Animais têm Direitos?”.

Nesta iniciativa a que assistiram cerca de 110 alunos do 10º e 11º ano, bem como professores, Pedro Galvão apresentou alguns dos mais marcantes argumentos e contra-argumentos sobre os Direitos dos Animais, distinguindo as teses dos utilitaristas, filósofos que costumam negar a existência de direitos e dos deontologistas, aqueles que acreditam em direitos morais negativos (os direitos morais colocam-nos apenas a obrigação moral de não intervir na vida dos outros seres). Depois de distinguir entre direitos jurídicos e direitos morais dos animais, Pedro Galvão fez também uma retrospectiva histórica dos direitos dos animais, afirmando que, por exemplo, segundo o filósofo Descartes (Sec. XVII), os animais não têm direitos porque são destituídos de consciência ou vida mental. Mas Pedro Galvão apresentou ainda as perspectivas de Carl Cohen, Jan Narveson (Contratualismo), entre outros. Os contratualistas vêem a ética como uma espécie de contrato (implícito ou hipotético) entre seres humanos racionais, em que cada um de nós concorda em abster-se de fazer certas coisas aos outros (roubar, matar, torturar, etc.) na condição de os outros também procederem assim. O problema da perspectiva contratualista, segundo Pedro Galvão, é deixar de fora do contrato ético não só os animais, mas também muitos seres humanos, tais como bebés, deficientes mentais profundos, doentes mentalmente muito debilitados e seres humanos das gerações futuras. O argumento do especismo, ou seja, que os animais não podem ter direitos porque não pertencem à espécie humana, também foi refutado por Pedro Galvão: segundo este filósofo o especismo é um erro ético análogo ao racismo pois os especistas supõem erradamente que a espécie de um indivíduo é importante em si.
Este filósofo, que desenvolve um projecto de pós-doutoramento sobre identidade pessoal e o mal de matar na Universidade de Lisboa, defendeu, por isso, que não há bons argumentos para restringir os direitos morais aos seres humanos. Assim, na sua perspectiva, os animais devem ter alguns direitos, nomeadamente o direito à integridade física e psicológica, devendo, por isso os humanos evitar o seu sofrimento. Pedro Galvão defendeu também que é plausível que pelo menos os animais conscientes de si tenham o direito à vida (dando exemplo dos Símios). Pedro Galvão é também da opinião que devemos mudar radicalmente o modo como hoje tratamos os animais. Não podemos sacrificar os interesses mais importantes dos animais para satisfazer interesses triviais. Mas é isso que acontece sistematicamente, nomeadamente na criação intensiva de animais para a nossa alimentação, no uso de animais em experiências científicas, na indústria de cosméticos ou entretenimento, como acontece no circo ou nas touradas.
Esta actividade foi organizada pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas (Grupo de Filosofia) do Externato Infante D. Henrique.

26 janeiro 2010

Temos que falar...

...sobre isto...
Comparece amanhã, às 14.25 horas,
no Centro de Recursos Educativos
do Externato Infante D. Henrique

*documento enviado gentilmente pelo prof. Manuel Augusto

O Departamento de Ciências Sociais e Humanas (Grupo de Filosofia) do Externato Infante D. Henrique, de Ruílhe, Braga, convida alunos e professores a estarem presentes na conferência intitulada “Os animais têm Direitos?”, com o filósofo Pedro Galvão, a ter lugar na próxima quarta-feira, dia 27 de Janeiro, pelas 14:25 horas, no Auditório do Centro de Recursos Educativos. Nesta conferência o Doutor Pedro Galvão começará por explicar o que é um direito moral e esclarecerá alguns aspectos da vida mental dos animais. Neste contexto, este filósofo refutará a ideia de que os direitos morais são exclusivos dos seres humanos. No entanto, mesmo que nenhum animal tivesse direitos, isso não significaria que não temos obrigações éticas directas para com os animais. Pedro Galvão abordará também o desrespeito moral no uso de animais na alimentação, na ciência e para fins recreativos. Para inscrever-se devem enviar um mail com o nome e escola para o seguinte endereço: participo@alfacoop.pt .

O Doutor Pedro Galvão é Investigador no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, onde desenvolve um projecto de pós-doutoramento sobre identidade pessoal e o mal de matar. É autor do livro “Do Ponto de Vista do Universo” e de diversos artigos de ética filosófica, publicados em revistas nacionais e internacionais. Organizou o livro “A Ética do Aborto”, bem como edições portuguesas dos clássicos Utilitarismo, de J. S. Mill, e Fundamentação da Metafísica dos Costumes, de Immanuel Kant. É também um dos autores dos manuais “A Arte de Pensar” e de outras publicações didácticas. Está a organizar um livro sobre o problema dos direitos dos animais.

21 janeiro 2010

Conferência a 27 de Janeiro. Não Faltes!


DIREITOS DOS ANIMAIS 1
"(...) De modo que matar um chimpanzé, por exemplo, é pior que matar um ser humano que, devido a uma deficiência mental congénita, não é nem pode vir a ser uma pessoa"

DIREITOS DOS ANIMAIS 2
"É bem possível que estes mamíferos (baleias e os golfinhos) com cérebros grandes se revelem seres racionais e autoconscientes"

DIREITOS DOS ANIMAIS 3
De acordo com números oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos , cerca de 140.000 cães e 42.000 gatos morrem nos laboratórios dos EUA todos os anos e um número menor mas considerável é usado em todos os países «desenvolvidos».

DIREITOS DOS ANIMAIS4
"A relação entre mãe e cria nos mamíferos pode constituir uma fonte de sofrimentos intenso se alguma delas morrer ou for levada"

DIREITOS DOS ANIMAIS 5

"Para promover as atitudes moralmente correctas de consideração pelos animais, incluindo os não autoconscientes, talvez seja melhor considerar como princípio elementar evitar matá-los para os comer"


Citações de Peter Singer, do livro Ética Prática

11 janeiro 2010

Relativismo Cultural e Tolerância



A ideia de que a ética é apenas uma questão de convenções sociais atraiu sempre as pessoas educadas. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes, diz-se, e pensar que há um padrão universal que se aplica em todas as épocas e lugares não passa de uma ingenuidade. É fácil encontrar exemplos. Nos países islâmicos, os homens podem ter mais do que uma mulher. Na Europa medieval, pensava-se que emprestar dinheiro a juros era pecado. Os povos nativos do Norte da Gronelândia por vezes abandonavam as pessoas velhas, deixando-as morrer ao frio. Ao pensar em exemplos como estes, os antropólogos concordam há muito com a afirmação de Heródoto:« O costume é o rei de todos nós.»
Hoje a ideia de que a moralidade é um produto social é atraente por uma razão adicional. O multiculturalismo é agora uma questão importante, especialmente nos Estados Unidos. Dada a posição dominante dos Estados Unidos no mundo, diz-se, e dada a forma como as acções americanas afectam os outros povos, os americanos estão especialmente obrigados a respeitar e a apreciar as diferenças entre culturas. Em particular, diz-se, temos de evitar a suposição arrogante de que os nossos costumes são «certos» e de que os costumes dos outros povos são inferiores. Isto significa, em parte, que devemos abster-nos de fazer juízos morais sobre as outras culturas. Devemos adoptar uma política de vive e deixa viver.
Superficialmente, esta atitude parece esclarecida. De facto, a tolerância é uma virtude importante e é óbvio que muitas práticas culturais não passam de costumes sociais - por exemplo, padrões de vestuário, de alimentação, de organização doméstica.
No entanto as questões fundamentais de justiça são diferentes. Quando pensamos em exemplos como a escravatura, o racismo e os maus tratos infligidos às mulheres, encolher os ombros e dizer «Eles têm os seus costumes e nós temos os nossos» já não parece tão esclarecido. (...) Temos a ideia, já mencionada, de que devemos respeitar as diferenças entre culturas.Respeitar uma cultura não implica que tenhamos de considerar aceitável tudo o que nela existe. Podemos pensar que uma cultura tem uma história maravilhosa e que produziu grandes obras de arte e ideias belas. Podemos pensar que as suas figuras cimeiras são nobres e admiráveis. Podemos pensar que a nossa própria cultura tem muito a aprender com ela. Ainda assim, isto não significa que tenhamos de considerá-la perfeita. Pode incluir elementos terríveis.

Problemas da Filosofia, James Rachels

Emotivismo (e subjectivismo) moral


Segundo o emotivismo, a linguagem moral não é uma linguagem de afirmação de factos; não é normalmente usada para transmitir informação. O seu propósito é diferente. É usada, primeiro, como um meio de influenciar o comportamento das pessoas. Se alguém diz «Não deves fazer isso», essa pessoa está a tentar impedir outra de o fazer. A elocução é, pois, mais parecida a uma ordem do que a uma afirmação de facto; é como se a pessoa tivesse dito: «Não faças isso!» em segundo lugar, a linguagem moral é usada para exprimir (e não para relatar) a atitude de alguém. Afirmar: «Lincoln era um homem bom», não é o mesmo que afirmar «Eu gosto de Lincoln», mas é como dizer «Um viva por Lincoln!»
A diferença entre o emotivismo e o subjectivismo simples deve agora ser óbvia. O subjectivismo simples interpretava as afirmações éticas como afirmações de facto de um tipo especial - nomeadamente como relatos da atitude do interlocutor. Segundo o subjectivismo simples, quando Falwell afirma «A homossexualidade é imoral», isto significa o mesmo que «Eu (Falwell) desaprovo a homossexualidade» - uma afirmação de facto sobre a atitude de Falwell. O emotivismo, por seu lado, nega que esta elocução declare qualquer facto, mesmo um facto sobre o próprio interlocutor. Em vez disso, o emotivismo interpreta a elocução de Falwell como equivalente a algo como «A homossexualidade - que horror!» ou «Não se envolva em actos homossexuais!», ou ainda «Quem me dera não existisse homossexualidade». (...)
Elementos da Filosofia Moral, James Rachels

Programação das AULAS DE FILOSOFIA - RTP Madeira com o Prof. Rolando Almeida

Podes aceder às aulas de Filosofia da RTP Madeira, lecionadas pelo Prof. Rolando Almeida (na foto), acedendo aos links abaixo.  TELENSINO (R...