05 dezembro 2011

Fosso entre ricos e pobres cresceu em Portugal - TSF

Em Portugal o fosso entre os que ganham mais e os trabalhadores que ganham menos está a aumentar. Um estudo da Organização Internacional do Trabalho, demonstra, que entre os mais bem remunerados e os que recebem os salários mais baixos, a diferença é grande e tem tendência a piorar. Portugal faz parte do grupo de países que registou maiores aumentos entre os 10 por cento de trabalhadores que ganham mais face ao mesmo número que recebe menos.

29 novembro 2011

Médicos declaram Breivik demente e inimputável - Mundo - PUBLICO.PT



Considerando o que aprendeste sobre a rede conceptual da ação humana, poderá Breivik ser responsabilizado pelos atos horrendos que praticou?

31 outubro 2011

Afinal, onde nasceu o bebé sete mil milhões? - Sociedade - PUBLICO.PT



Somos 7 mil milhões de pessoas em todo o mundo.
Somos 7 mil milhões de pessoas a viver, que é como quem diz, a a consumir bens produzidos a partir da exploração do planeta, da natureza.
Somos 7 mil milhões de pessoas no planeta mas há 60 anos éramos apenas 2 mil milhões e no início do século XIX éramos apenas 1 bilião de pessoas.
Somos 7 mil milhões de pessoas mas não sabemos como será o futuro do bebé 7 mil milhões . Será feliz ou infeliz?

28 outubro 2011

Advogado de Duarte Lima considera que argumentação da acusação brasileira não é SÓLIDA nem COGENTE!

Verifica aqui porquê!


"João Costa Ribeiro Filho argumenta que a acusação se fundamenta apenas em provas recolhidas, de forma “tendenciosa”, pela polícia."

"As imputações feitas não têm qualquer cabimento, não apresentando solidez-fática. Tratam-se, na verdade, de meras presunções, ilações e conjecturas, sem qualquer respaldo na prova dos autos."


"Os pontos da acusação - que desde já considero completamente frágeis e infundados - serão categoricamente rebatidos e rechaçados e a contraprova evidenciará a absoluta inocência de meu cliente", conclui.





16 outubro 2011

Em tempos de crise, uma atitude filosófica pode ajudar!

Filósofo inglês escreve livro em que defende que a crise pode ter efeitos positivos.

Pensar é o desafio lançado no novo livro de Robert Rowland Smith. «Uma viagem com Platão» convida o leitor a um passeio de carro invulgar. O livro propõe viagem pelos momentos marcantes da vida, do primeiro beijo às crises de meia-idade pelos olhos da filosofia. «Uma viagem com Platão» já está traduzido em português. Quem não sabe andar de bicicleta pode sempre saltar o capítulo. Ou aproveitar para aprender.
Visualiza aqui a reportagem da TVI sobre este assunto.


29 setembro 2011

Cursos a que podes concorrer com o exame de Filosofia


Consulta aqui a informação oficial sobre as provas de ingresso para candidatura ao ensino superior em 2012, 2013 e 2014. Fica assim a saber quais os cursos a que te podes candidatar com o exame de Filosofia.

13 setembro 2011

Exame de filosofia é opção este ano!

A partir deste ano letivo os alunos do Ensino Secundário podem optar, em todas as áreas de estudo, por realizar o exame de Filosofia no 11ºano em vez de um dos exames a uma disciplina específica terminal. Diz o Decreto Lei nº 50/2011, de Revisão Curricular do Ensino Secundário que  a "avaliação sumativa externa realiza-se no ano terminal da respectiva disciplina e aplica-se aos alunos dos cursos científico-humanísticos, nos termos seguintes:
a) Na disciplina de Português da componente de formação geral (12ºano);
b) Na disciplina trienal da componente de formação específica (12ºano);
c) Nas duas disciplinas bienais da componente de formação específica (11ºano), ou numa das disciplinas bienais da componente de formação específica e na disciplina de 
Filosofia da componente de formação geral (11º ano), de acordo com a opção do aluno."


Assim, a escolha de realização do exame de Filosofia em vez de uma disciplina específica é uma opção do aluno. Procura esclarecimentos junto do teu professor de filosofia

06 julho 2011

Sócrates, a Filosofia e o País

A notícia de que Sócrates vai estudar Filosofia para Paris durante um ano surpreendeu muitos e surpreendeu-me também a mim. Mas foi uma boa notícia. Considero que muitos outros políticos lhe deveriam seguir o exemplo. Como profissional de uma das áreas de conhecimento mais antigas na história da humanidade reconheço que, quer a nível pessoal quer a nível da organização social e política muito teríamos a ganhar se houvesse uma aposta alargada e melhor estruturada na formação filosófica no nosso sistema de ensino. Somos, diz-se, um povo de brandos costumes e isso é bom, mas também somos um povo acrítico e isso é mau. Somos um povo pouco autêntico, um povo que valoriza mais o “ter” do que o “ser”, que pensa pouco. Formamos muitos jovens que dominam habilmente as novas tecnologias mas são incapazes de formular e expressar um raciocínio crítico devidamente estruturado sobre o melhor ou o pior sistema económico ou político ou sobre os fundamentos de uma decisão política, empresarial ou pessoal. É a geração do “Porque sim!”, educada por outras gerações que não tiveram a oportunidade de aprender filosofia ou que viveram amordaçadas sob o signo do medo. Ora a formação filosófica pode dar um importante contributo para a mudança. Porque em filosofia aprende-se que não há teorias filosóficas, económicas, políticas ou científicas absolutamente certas ou erradas e que, por isso, o importante é procurar boas razões/argumentos apoiados no conhecimento adequado dos problemas e no testemunho dos grandes pensadores para aceitar ou recusar determinadas teorias. Em Filosofia aprende-se que uma vida autêntica e com sentido exige uma tomada de posição esclarecida e apoiada em bons argumentos. Aprende-se que a verdade é uma meta inalcançável e que, por isso, teremos que ser permanentemente críticos e curiosos. Em filosofia pergunta-se mais do que se responde, aprende-se a encarar a dúvida não como uma atitude de fraqueza mas um sinal de sabedoria. E já agora, em filosofia, entre outras coisas, aprende-se que todos os homens são iguais, que o homem é um fim em si mesmo e não um meio e que a dignidade humana é um carácter essencial e intrínseco a qualquer ser humano. Ora, se quem nos governa e quem elege quem nos governa pensasse assim, o mundo e o país estariam bem melhores. José Saramago numa entrevista concedida ao Expresso, dizia, com alguma autoridade que “na sociedade actual nos falta filosofia. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar e parece-me que sem ideias não vamos a parte nenhuma.”

E não vamos mesmo, digo eu.

20 maio 2011

Cientista Rui Faria explicou "Como se faz ciência?"

"Como se faz ciência?” foi o mote que levou o investigador Rui Faria, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO) a participar numa “palestra-conversa”, no Externato Infante D. Henrique, em Ruílhe, no dia 13 de Maio, a convite do Grupo de Filosofia desta escola. Rui Faria é doutorado em Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e está, neste momento, a frequentar um pós-doutoramento na Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona. “O que faz um cientista?”; “Como é o dia-a-dia de um cientista?”; “Quais as principais metodologias e técnicas que utiliza no seu trabalho de investigação?” foram algumas, entre outras, questões a que o professor Rui Faria procurou dar resposta. Deste modo, apresentou aos alunos o CIBIO, explicou como se planifica em concreto uma investigação, como é que a comunidade científica valida uma lei ou teoria científica e quais as principais dificuldades ou obstáculos que podem condicionar uma investigação científica. O cientista Rui Faria falou também aos alunos de vários projectos de investigação em que participa, na área da genética, nomeadamente a “Sequenciação do Genoma do Orangotango”, investigação cuja equipa integrou e mereceu publicação na conhecida revista “Nature”. Mas Rui Faria integra outros projectos de investigação, tais como uma investigação sobre o “Papel da Estrutura de Cromossomas na Adaptação e Formação das Espécies” e um projecto sobre a “Conservação dos Recursos Aquáticos no Atlântico”. Participaram nesta actividade cerca de 70 alunos do 11º ano de escolaridade, no âmbito da disciplina de Filosofia e da abordagem da unidade “Estatuto do Conhecimento Científico”.

25 março 2011

David Hume - a justificação do conhecimento e suas consequências

Hume defende que a justificação do conhecimento está nas impressões. Segundo Hume, este facto determina 1) a extensão do conhecimento e 2) que frases têm sentido. Para sabermos se uma frase tem sentido, o teste que terá de ser feito consiste simplesmente em ver se a proposição que ela exprime deriva de uma impressão. Imagina que tens a ideia de uma montanha X com neve. Perante isto, Hume faria a seguinte pergunta: De que depende e deriva essa ideia? E tu provavelmente responderias que deriva da experiência de ver (impressão visual) a montanha X com neve. (…) Segue-se assim que a proposição expressa pela frase "A montanha X tem neve no mês de Janeiro" pode ser verificável ou falsificável pela observação; e que a proposição expressa pela frase "Sinto uma alegria intensa quando tenho um 18 a Matemática" pode ser verificável ou falsificável pela introspecção.
Hume diz que ambas as frases têm sentido e podem exprimir conhecimento. E como são verificáveis ou falsificáveis pela observação ou introspecção, exprimem proposições empíricas. Mas para Hume há também frases analíticas como "Um quadrado tem quatro lados" ou "Um dia húmido não é um dia seco". Uma frase é analítica quando a sua verdade ou falsidade depende exclusivamente do significado dos termos nela envolvidos. A negação de uma verdade analítica é auto-contraditória, o que não acontece quando se nega uma frase empírica. Para uma frase não ser desprovida de significado terá de ser empírica ou analítica. A conclusão que daqui se retira é devastadora e tem um enorme alcance. Basta pensares em frases como "Deus existe", "O homem é livre e moralmente responsável", ou "A alma é imortal", para concluíres que as proposições expressas não são empíricas nem analíticas — pelo menos, assim pensava Hume. Logo, como o mesmo se passa com todas as outras frases metafísicas, segundo Hume, todas são desprovidas de significado. E como são desprovidas de significado, não podem exprimir qualquer espécie de conhecimento. A este famoso argumento de Hume chama-se "argumento antimetafísico". Na sua vida pessoal, Hume foi consistente com este argumento. No leito de morte, houve quem aguardasse ansiosamente a sua conversão. Em vão. Nesse momento extremo, manteve a doçura e serenidade que o distinguiam.
Faustino Vaz
www.criticanarede.com

23 março 2011

Existência de Deus debatida por filósofo e cientista













O Grupo de Filosofia, o Grupo de Educação Moral e Religiosa e o Departamento de Ciências Físico-Naturais do Externato Infante D. Henrique organizaram, a 16 de Março, nas instalações desta escola, um debate sobre o problema da existência de Deus, intitulado “Deus existe ou é uma invenção da mente humana?”. Participaram lado a lado neste debate um Filósofo e um Cientista: o Professor Alfredo Dinis, Filósofo e actual Director da Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica Portuguesa e o Cientista João Paiva, doutorado em Química pela Universidade de Aveiro e professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.A iniciativa foi destinada a alunos do 11º e 12º ano de escolaridade que colocaram questões pertinentes sobre o assunto, tais como a questão da existência de vida para além da morte, as provas da existência de Deus ou as relações históricas entre a ciência e a religião. Para João Paiva o problema da existência de Deus não é um problema científico, considerando que não há provas científicas da existência de Deus. No entanto, este cientista deu o seu testemunho como crente afirmando que “invento todos os dias Deus porque sou uma pessoa frágil”, não deixando de afirmar que apesar de crente “tenho sérias dúvidas que Deus exista”. Alfredo Dinis analisou a questão central do debate, considerando que se o homem inventou Deus também inventou as leis da natureza, porque “as leis do universo são invenções da mente humana”. Este filósofo e teólogo considera que a opção pela religião pode ajudar a compreender melhor o universo e ajuda as pessoas a “viver melhor”, considerando por isso esta uma opção sensata.

No final houve uma sessão de autógrafos dado que muitos alunos presentes no debate adquiriram o livro “Educação, Ciência e Religião”, de Alfredo Dinis e João Paiva, que pretende suscitar a reflexão e o debate sobre questões que se colocam na fronteira entre fé e ciência e são objecto de acesos debates em bases nem sempre objectivas.

21 março 2011

O que é o Cepticismo?

A perspectiva que nega total ou parcialmente a possibilidade do conhecimento. De acordo com o céptico, se bem procurarmos, encontramos sempre boas razões para duvidar mesmo das nossas crenças mais fortes. Há dois grupos de argumentos cépticos: o primeiro baseia-se nas diferenças de opinião, mesmo entre as pessoas mais conhecedoras; o segundo, baseia-se nas ilusões perceptivas. Há diferentes tipos de cepticismo. Uma forma radical de cepticismo é geralmente atribuída a Pirro de Élis (c.360 a. C.-c.270 a. C.), para quem devíamos suspender o nosso juízo em relação a todas as coisas. A resposta habitual a este tipo de cepticismo é procurar mostrar que é auto-refutante (ver AUTO-REFUTAÇÃO), pois se podemos afirmar que nada sabemos é porque já sabemos precisamente isso. Também DESCARTES procurou responder aos argumentos cépticos, mostrando que há pelo menos uma coisa que resiste à dúvida mais insistente: que existimos. Além do cepticismo radical há outros tipos de cepticismo que limitam o seu âmbito apenas a certas áreas. Este tipo de cepticismo parcial pode aplicar-se a aspectos metodológicos: empiristas, como HUME, são cépticos em relação ao conhecimento a priori do mundo (ver A PRIORI/A POSTERIORI), enquanto que alguns racionalistas duvidam do conhecimento EMPÍRICO. Mas também se pode dirigir apenas a determinado tipo de entidades: o conhecimento de outras mentes, a existência de Deus, o conhecimento do futuro, a INDUÇÃO (verPROBLEMA DA INDUÇÃO), o conhecimento de verdades éticas, o conhecimento do MUNDO EXTERIOR, etc. Sexto Empírico (c. 150-c.225) e Michel de Montaigne (1533-92) são dois dos mais destacados defensores do cepticismo. AA
Dicionário Escolar de Filosofia
Didáctica Editora

10 março 2011

Quarta-feira vamos discutir estas e outras questões!...



"

A mecânica quântica induz a questão complexa sobre o que significa «ver» e «observar» cientificamente. Pessoas que dizem só acreditar no que vêem poderiam, provocadas pelo paradigma quântico, rever essa noção. O que é ver? É «tocar com os olhos»? É sentir? É perceber com inteligência, com a ajuda da matemática?

"
Só acredito no que vejo? (...) O que aqui se questiona é se, no fundo, só a realidade daquilo que me é dado ver através do conhecimento científico é digna de crédito.

"
Podemos dizer que o físico vê objectos ou realidades diferentes de acordo com a técnica experimental utilizada (sempre em ligação com uma determinada teoria), a qual constitui uma «rede» ou «grelha» de leitura de acesso à realidade física.

Educação, Ciência e Religião
Alfredo Dinis e João Paiva (pp. 77 a 86), Ed. Gradiva

DEUS EXISTE OU É UMA INVENÇÃO DA MENTE HUMANA?
DEBATE - 16 MARÇO 2011 - ALFACOOP - 11 horas
com Prof. Alfredo Dinis
(Universidade Católica) e
Prof. João Paiva
(Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)

09 março 2011

A Origem das Ideias

O filme "A Origem" ("Inception") mostra-nos o poder da consciência, das ideias que criamos na nossa mente e o sonho como o outro lado da realidade. Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é especialista em invadir a mente das pessoas e, com isso, rouba segredos do subconsciente, especialmente durante o sono, quando a mente está mais vulnerável. Cobb, acusado de assassinar a mulher, tem a chance de recuperar os filhos em troca de um último trabalho: fazer a inserção, plantar a origem de uma ideia na mente de um rival de um seu cliente.

Terá Descartes inspirado Christopher Nolan para a escrita do argumento e realização deste filme?

31 janeiro 2011

Crença e Conhecimento

O leitor tem várias crenças. Mas quais das suas crenças é conhecimento, se é que alguma o é?

O que é o conhecimento?

O conhecimento não é mera crença. Se o leitor acreditar e afirmar que sabe algo e alguém acreditar e afirmar que sabe o oposto, então pelo menos um de vós tem de estar enganado. Quando duas pessoas acreditam em coisas contraditórias não podem ambas saber aquilo que afirmam saber. Pois uma das duas crenças tem de ser falsa. Acreditar meramente em algo, não importa quão ardentemente, não faz disso uma verdade. Para que se saiba algo, não temos somente de acreditar nisso; isso também tem de ser verdade. Mas será isto tudo o que é requerido? É o conhecimento mera crença verdadeira?

Suponha-se que alguém aposta regularmente em cavalos. Ele tenta sempre apostar em vencedores, mas raramente o faz. Contudo, está tão cheio de ilusória autoconfiança que sempre que faz uma aposta acredita ardentemente que o seu cavalo vai ganhar. Nas raras ocasiões em que o cavalo ganha, saberia o apostador que o cavalo dele iria ganhar? Claro que não. Ele poderia sentir-se completamente confiante, mas isso é outra história. Para se saber algo, não se pode apenas adivinhá-lo, mesmo que se acerte, e não o sabemos por maior que seja a confiança que depositamos no nosso palpite. Assim, que mais é necessário para o conhecimento, além da crença verdadeira?

Não será ter provas a resposta? Isto é, para o leitor ter conhecimento não precisará de estar conectado com a verdade daquilo em que acredita através das provas ou razões que tem para acreditar nisso? E não terão essas razões ou provas de ser adequadas para justificar a sua crença? O que torna implausível dizer que o apostador tem conhecimento mesmo que aposte num cavalo vencedor é que ele não tem boas razões ou provas para pensar que o cavalo em que ele aposta irá ganhar. Em vez disso, o apostador ganha por sorte.

Mas o que é que são provas? Quando são as provas adequadas? Estas são perguntas difíceis. Para não nos desviarmos do nosso problema, pressuponha-se para efeitos de discussão que sabemos o que faz de um pedaço de informação uma prova a favor de uma certa crença. Pressuponha-se também que sabemos qual a quantidade de provas necessárias para sustentar adequadamente uma crença. E ao pressupor que sabemos esta última coisa, não elevemos demasiado as nossas exigências. Em vez de pressupor que para as provas serem adequados para o conhecimento terão de estabelecer conclusivamente a verdade da crença que suportam, pressuponha-se que as provas são adequadas quando tornam, nas circunstâncias em que existem, a verdade de uma crença mais provável do que o seu contrário. Se estes pressupostos estiverem errados, podemos sempre reformulá-los mais tarde. Aceitando-os por agora irá simplificar as questões e ajudar-nos a manter-nos na direcção certa.

O conhecimento pode ser mais (ou menos) do que mera crença suportada por provas adequadas. Mas se o conhecimento for pelo menos isso, então uma das coisas que devemos perguntar às nossas autoridades é que provas têm elas para as coisas que afirmam saber. E uma das coisas que temos de perguntar a nós próprios, quando aceitamos certas pessoas como autoridades, é que provas mostram que essas pessoas são competentes e fidedignas.

Daniel Kolak e Raymond Martin
Tradução de Célia Teixeira
Sabedoria sem Respostas: Uma Breve Introdução à Filosofia, Temas e Debates, Lisboa, 2004, pp. 51-52.

24 janeiro 2011

O Caso do Pintor que não via cores!

Quando o vimos pela pri­meira vez, a 13 de Abril de 1986, Jonathan L. era um homem alto e muito magro, que evidenciava uma recente perda de peso. Exprimia-se com facilidade, de uma forma inteligente, analítica e viva, mas num tom de voz baixo e sem vida. Raramente sorria; estava manifestamente deprimido. Captá­mos um sentimento de mágoa interior, de medo e tensão, refreado com dificuldade por detrás do seu discurso civilizado. Contou-nos que o acidente tinha sido acom­panhado por uma amnésia passageira. Claro que ele, naquela altura - ao fim da tarde de 2 de Janeiro -, fora capaz de rela­tar devidamente à polícia o que se tinha passado. Seguira depois para o seu estúdio, para se encontrar com alguém que estava interessado no seu trabalho, mas abreviou este encontro devido a uma crescente e intensa dor de cabeça. Quando chegou a casa, queixou-se à mulher de dores de cabeça e de se sentir confuso, mas não mencionou o acidente. Caiu então num longo e quase letárgico sono. Só na manhã seguinte, quando viu o radiador do seu carro amolgado, é que a mulher lhe per­guntou o que se tinha passado. Ao não obter uma resposta clara ("Não sei. Talvez alguém lhe tenha batido"), ela percebeu que se devia ter passado algo de grave. Jonathan I. foi em seguida para o estúdio e encontrou, em cima da secretária, uma cópia do relatório feito pela polícia sobre o acidente. (...) Mas, ao pegar nele, não conseguiu ler nada. Via caracteres de diferentes tama­nhos e formas, todos nitidamente, mas parecia-lhe "grego" ou "hebraico". (...) (Esta alexia, ou incapacidade de ler, durou cinco dias, mas depois parece ter desaparecido.) Apercebendo-se de que devia ter sofrido um traumatismo, ou qualquer espécie de lesão cerebral provocada pelo acidente, Jonathan I. telefonou ao médico, que conseguiu que ele fosse visto e fizesse exames num hospital local. Embora, como nos dizia na sua pri­meira carta, tivesse sido detectada nesta altura a dificuldade em distinguir as cores, juntamente com a enorme alexia, ele só teve consciência da alteração das cores no dia seguinte. Nesse dia, decidiu ir de novo trabalhar. Parecia-lhe estar a conduzir através de nevo­eiro, (...) tudo parecia enevoado, descorado, acinzentado, indistinto. O desnorteamento e medo transformaram-se então num senti­mento de horror. Já perto do estúdio, a polí­cia mandou-o parar: disseram-lhe que tinha passado dois sinais vermelhos. Se tinha reparado nisso? Não, respondeu ele, não se tinha sequer apercebido de ter passado por nenhum semáforo. Mandaram-no sair do carro. Após verificarem que estava sóbrio, mas aparentemente baralhado e doente, "multaram-no e aconselharam-no a procurar um médico. Jonathan I. chegou ao estúdio aliviado, esperando que a terrível névoa tivesse já passado, que tudo estivesse de novo nítido. Mas, assim que entrou, achou todo o seu estúdio - cujas paredes estavam decoradas com os seus quadros coloridos - completa­mente cinzento e destituído de cor. (...) Ao horror juntou-se o desespero: nem sequer a sua arte tinha significado, e ele já não conseguia imaginar como continuar. As semanas que se seguiram foram extre­mamente difíceis. Jonathan I. mal conseguia suportar a mudança no aspecto das pessoas ("eram o estátuas cinzentas animadas"), tal como não conseguia suportar a sua própria ­aparência quando se via ao espelho: evitava as relações sociais, e as relações sexuais tornaram-se impossíveis. Via a pele das pessoas, a pele da mulher, a sua própria pele, de um cinzento horrendo: a "cor-de­-pele" era agora, para ele, "cor-de-rato". (...) Achava os alimentos repugnantes, com aque­le aspecto acinzentado e morto, e tinha que fe­char os olhos para con­seguir comer. Mas isso não ajudava muito, porque a sua representação mental de um tomate era tão negra como a sua aparência. (...) Assim, incapaz de rectificar mesmo a ima­gem interior, a ideia, de diversos alimentos, Jonathan foi-se virando progressivamente para alimentos brancos e pretos - azeitonas pretas com arroz branco, café preto e iogurte. Estes, pelo menos, tinham um aspecto relativamente normal, enquanto a maior parte dos alimentos tinha agora um aspecto terrivelmente anormal. Deparava-se com dificuldades e angústias de praticamente todos os géneros na sua vida diária (...). A mulher tinha que lhe escolher a roupa, e esta dependência era­-lhe difícil de suportar; mais tarde passou a ter tudo classificado nas gavetas e no armário - peúgas cinzentas aqui, amarelas ali, gravatas identificadas, casacos e fatos devidamente marcados para evitar incon­gruências evidentes e confusões. À mesa tiveram que adoptar práticas e posições fixas e rituais, sem o que ele poderia ser levado a confundir mostarda com maio­nese, ou "ketchup" com compota. (...) Jonathan I. já não conseguia ir a museus ou a galerias, nem ver reproduções a cores dos seus quadros favoritos. (...) Quando pedimos a Jonathan para exami­nar e pintar uma cópia de um espectro colorido, apenas conseguiu ver o preto e o branco e várias sombras de cinzento, e pin­tou o que via. Intrigantemente, a sua per­cepção do espectro não se assemelhava em nada à das pessoas com cegueira das cores provocada por problemas de retina. (...) Foi esta a história que obtivemos de Jona­than I. - a história do colapso abrupto e total da sua visão da cor, e as tentativas que fez para viver num mundo a preto e branco; uma história incompatível com qualquer problema inato ou degenerativo dos olhos, mas indicativo de um súbito desarranjo nas partes do cérebro necessárias à representa­ção interna - o ver - das cores. (...) O interesse científico de todas estas per­turbações cerebrais perceptivas adquiri­das reside no facto de os seus distúrbios nos poderem mostrar como é que o mundo conceptual é construído. Doentes como Jonathan mostram-nos que a cor não é um dado, antes é percepcionada graças a um processo cerebral específico e extraordinariamente complexo. O mesmo se aplica às percepções do movimento, da profundidade e da forma: todas elas nos parecem fazer parte da ordem natural das coisas até vermos pacientes que as perderam, doentes que sofrem de cegueira do movimento, de cegueira da profundidade ou de cegueira da forma (agnosia visual), provocadas por lesões cerebrais altamente específicas.

Oliver Sacks e Robert Wassennan, in Público de 27 de Setembro de 1990

Que conclusões podemos tirar deste texto, relativamente ao conhecimento humano?

13 janeiro 2011

Home - mundo é a nossa casa!


Em 200 mil anos na Terra, a Humanidade tem perturbado o equilíbrio do planeta, estabelecido por quase 4 biliões de anos de evolução. O preço a pagar é alto, mas é tarde demais para ser pessimista: a Humanidade tem apenas 10 anos para inverter esta tendência e tornar-se consciente da extensão total da destruição da Terra e alterar os seus modelos de consumo. Yann Arthus-Bertrand, o realizador, traz-nos imagens aéreas únicas de mais de 50 países para partilhando esperanças e receios num filme que lança a primeira pedra do edifício que, todos juntos, teremos de reconstruir.

Deixa aqui o teu comentário sobre o filme visualizado na aula.

Programação das AULAS DE FILOSOFIA - RTP Madeira com o Prof. Rolando Almeida

Podes aceder às aulas de Filosofia da RTP Madeira, lecionadas pelo Prof. Rolando Almeida (na foto), acedendo aos links abaixo.  TELENSINO (R...