04 dezembro 2010

Deus existe, ou é uma invenção da mente humana?

O grupo de Filosofia, o Grupo de Educação Moral e Religiosa e o Departamento de Ciências Físico-Naturais do Externato Infante D. Henrique organizam no dia 16 de Março de 2011 um debate sobre o problema da existência de Deus, intitulado “Deus existe ou é uma invenção da mente humana?”. Para este debate convidámos o Filósofo Alfredo Dinis, da Universidade Católica Portuguesa e o Cientista João Paiva, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. A discussão deste tema na escola será de elevada importância. Poderá ajudar-te a compreender melhor um dos problemas mais enigmáticos da história humana e compreender também as principais diferenças entre a Ciência, a Filosofia e a Religião.
Alfredo Dinis e João Paiva são autores do livro "Educação, Ciência e Religião", uma obra interessante sobre o problema central deste debate, que podes adquirir por cerca de 12 euros (Editora Gradiva) para melhor te preparares para este debate.

16 novembro 2010

A arte de argumentar...

Argumento por analogia

O argumento por analogia atribui uma propriedade (E) a um acontecimento/ser ou objecto (X) por tal propriedade se ter verificado em algum ser/objecto(s) ou acontecimento(s) semelhante(s) conhecido (Y).

Tem a seguinte estrutura:

X é semelhante a Y nos aspectos A,B,C, D…

Y tem o aspecto E

Então X é semelhante a Y no aspecto E

Vejamos o seguinte exemplo:

(X) Este cão é semelhante ao cão da Ana (Y) em raça (A), porte (B), postura (C) e olhar nervoso (D).

O cão da Ana morde sem razão aparente (E).

Logo, este cão (X) (a exemplo do cão da Ana-Y) morde sem razão aparente (E).

Adaptado de Filosofia, Luís Rodrigues, Plátano Editora

15 novembro 2010

Exercícios - Argumentação

Identifica os seguintes argumentos informais. Verifica se é cometida alguma falácia. Justifica.

1. As calculadoras são como as pessoas, porque quer as pessoas quer as calculadoras sabem fazer contas. As pessoas frequentam a escola para aprender a fazer contas. Logo, as calculadoras também frequentam a escola para aprender a fazer contas.

2. Os seres humanos que existem actualmente (e também os que já existiram) são incapazes de respirar (de modo natural, sem usar aparelhos) debaixo de água. Por consequência, pode-se dizer que pelo menos as próximas gerações de seres humanos não conseguirão respirar naturalmente debaixo de água.

3. Nas lojas onde compro materiais para desportos radicais e nas lojas onde compro livros e discos, já fui várias vezes atendido por empregados de bigode que se enganaram nos trocos. Parece-me, por isso, que as pessoas de bigode não sabem fazer contas.

A Arte de Argumentar, de Anthony Weston

Um bom auxiliar para melhorares as tuas competências argumentativas. Um bom livro para te ajudar a compreender melhor os diversos tipos de argumentos (conteúdos do 11ºano), para avaliar e redigir ensaios argumentativos, para defenderes melhor as tuas ideias e, por isso, exerceres com clareza e rigor a tua capacidade crítica.

Editora: Gradiva

01 novembro 2010

Desafio lógico!

Resolve o seguinte exercício através das regras do silogismo condicional e disjuntivo.
Envia a solução para ao blogue.

De duas coisas uma: ou o malfeitor veio de automóvel ou a testemunha se enganou. Se o malfeitor tinha um cúmplice, então veio de automóvel. Ou o malfeitor não tinha um cúmplice e não tinha a chave do apartamento, ou o malfeitor tinha um cúmplice e tinha a chave do apartamento. Conseguiu provar-se que o malfeitor tinha a chave do apartamento e tinha um cúmplice.




Conclusões:
a) O malfeitor veio de automóvel.
b) O malfeitor não veio de automóvel.
c) A testemunha não se enganou.
d) A testemunha enganou-se.
e) Não se pode saber se a testemunha se enganou.

in "Um outro olhar sobre o mundo", Ed. Asa, pag.73


19 outubro 2010

Quem foi Sócrates?

A vida de Sócrates continua a ser um enigma, o que não o impede de ser considerado o símbolo por excelência do filósofo. Sócrates nasceu em Atenas, filho de Sofronisco, escultor e de Fenáreta (Fenarete), de ofício parteira. Terá recebido uma educação tradicional, isto é, ginástica e música. Parece que exerceu por algum tempo o ofício de seu pai. No princípio interessou‐se pelas doutrinas físicas dos filósofos jónios. Parece certo que terá participado nas guerras do Peloponeso (431‐404), como soldado hoplita (guerreiro a pé), o que correspondia a um cidadão de nível médio. Salvou Alcibíades ferido durante o cerco de Potidea (429), participou na batalha de Delion (424), na Boécia, e já com cerca de 50 anos, na de Anfipolis (421), na Trácia. Fez parte do Senado dos quinhentos, opondo‐se sempre às medidas que considerava injustas. Enfrentou a morte desobedecendo a uma ordem dada pelo governo dos Trinta Tiranos (404). Algures num momento da sua vida terá começado a interessar‐se sobre o conhecimento de si e do homem em geral. À sua volta começam a formar‐se um grupo de discípulos e amigos, entre os quais se destacam Platão, Alcibíades, Xenofonte, Antístenes, Crítias, Aristipo, Euclides de Megara e Fédon. Depois de uma vida inteira dedicada a interrogar os seus concidadãos, em obediência a uma voz interior (daimon) é acusado de corromper os jovens contra a religião e as leis da cidade. A acusação é feita por Anito, em nome dos artesãos e políticos, por Meleto, em nome dos poetas, e por Licón pelos oradores. Condenado por um tribunal popular a beber cicuta, e após ter recusado os planos de fuga de Critón, morre numa prisão em Atenas, rodeado de amigos e discípulos. Sócrates rapidamente se torna na figura emblemática do filósofo, imortalizado em inúmeras obras. Platão, díscipulo de Sócrates desde os vinte anos, transforma‐o na personagem central dos seus diálogos, em particular na Apologia de Sócrates, Fedón e Critón. Nesta obras é ressaltada sobretudo a sua dimensão moral. Aristófanes, comediógrafo e crítico do seu tempo, na comédia As Núvens, apresenta‐nos um Sócrates sofista apenas interessado no que cobrava pelas aulas de retórica e oratória, misturando discursos sobre a natureza e a moral.
“Só sei que nada sei”, esta frase emblemática atribuída a este pensador, condensa a postura crítica deste filósofo face às “verdades” fáceis, às opiniões correntes, às convicções em voga. Sócrates considerava que quem julga que possui a sabedoria não pode sentir o desejo de saber, que só surgirá naqueles cuja convicção é a de que nada sabem. Por outro lado, ao afirmar “Conhece‐te a ti mesmo” revela a necessidade natural que o homem tem de examinar, questionar e confrontado com a dúvida submetê‐la a exame crítico.

Fontes
Logos, Enciplopédia Luso-Brasileira de Filosofia
Dicionário Escolar de Filosofia, Organização de Aires Almeida, Plátano Editora
Filosofia, Luís Rodrigues, Plátano Editora
Colecção Grande Pensadores, edição do Jornal Público
Wikipédia, a Enciclopédia Livre

18 outubro 2010

Uma questão de lógica!

O ser humano é um ser racional, ou seja, é dotado de pensamento, da capacidade de reflexão. É de facto essa característica que o torna único e excepcional no Planeta Terra: é o único que se interroga, que quer sempre saber mais, que quer saber como as coisas funcionam, que pergunta se as coisas não poderiam ser de outra maneira, que investiga. É aqui que reside a sua especificidade, a sua autonomia, a sua liberdade: o pensar por si mesmo, o pensar de forma crítica, defendendo os seus pontos de vista. Como diz o poeta, «sempre que um Homem sonha o mundo pula e avança». Se o ser humano não ousa pensar, o mundo não progride. O ser humano inventou o automóvel, a televisão, o computador, o telemóvel, os antibióticos, as vacinas, etc. Todas estas coisas, e outras, existem porque há pessoas que procuram saber por que uma pessoa tem razão, se é que tem, se concordam ou não com essa pessoa e porquê; ou seja, investigam.
Investigar é construir teorias próprias e verificá-las. É assim que a ciência avança. No entanto, o que o ser humano inventa não é criado por indivíduos isolados. O ser humano é um ser social, ou seja, realiza-se em contacto e em interacção com os outros, em sociedade. Nessa interacção, o ser humano necessita de comunicar, de partilhar com os outros as suas ideias, assim como mostrar as razões que o levam a defendê-las. Mas, ao contrário do que muitas vezes acontece, ele não pode, ou não deve, apresentar razões de qualquer maneira: é preciso que essas razões façam sentido e que sejam correctas.
Quanto mais rigoroso for o seu pensamento, melhor apresentará as suas razões, os seus argumentos, para defender um ponto de vista
, sobre o que quer que seja: pedir um aumento da mesada aos pais, mostrar aos amigos qual julgamos ser o melhor partido político, mostrar à professora a necessidade de mudar a data do teste, etc.
É precisamente aqui que entra a lógica. Ela ajuda-nos a pensar melhor, de forma correcta, e a expor de forma rigorosa o nosso pensamento. Se soubermos um pouco de lógica conseguimos mostrar de maneira mais eficaz o nosso ponto de vista ou opinião sobre algo, somos capazes de perceber se as opiniões dos outros são ou não bem fundamentadas, conseguimos argumentar melhor.
Fátima Reis

12 outubro 2010

Quem foi Aristóteles?

Aristóteles (384 – 322 a.C.) é um dos mais influentes filósofos de sempre. Nasceu em Estagira, no norte da Grécia. Foi discípulo de Platão em Atenas e mestre de Alexandre Magno, na Macedónia. Depois da morte de Platão, fundou em Atenas a sua própria escola, a que deu o nome de Liceu. Os seus interesses eram os mais variados. Não houve quase nenhum domínio do conhecimento sobre o qual não tivesse escrito e atribuía uma grande importância à observação da natureza. Ele próprio procedeu a estudos minuciosos nos domínios da física, biologia, psicologia e linguagem. Entre as disciplinas filosóficas que desenvolveu contam-se a lógica, a metafísica, a ética, a filosofia política, e a estética. Pode mesmo dizer-se que foi o fundador da lógica, começando o seu estudo praticamente do nada. Se bem que limitada e com várias deficiências, a teoria lógica aristotélica foi o resultado de um trabalho notável de inteligência, de tal modo que, no essencial, se manteve incontestada e estudada até ao final do século XIX. Aristóteles procurou determinar as formas válidas de inferência, isto é, as inferências cuja forma nos impede de chegar a uma conclusão falsa a partir de premissas verdadeiras. E estabeleceu um conjunto de regras para identificar as boas e evitar as más inferências. Organon é o nome dado ao conjunto das suas obras de lógica. Na Metafísica, uma das suas obras mais marcantes, Aristóteles descreve esta disciplina como o estudo do «ser enquanto ser», isto é, o estudo do ser em geral, independentemente do modo particular como as coisas são. Em Ética a Nicómaco, Aristóteles argumenta, entre outras coisas, a favor da ideia de que as virtudes morais, como a generosidade e a honestidade, não são inatas. Só o hábito de evitar excessos de qualquer tipo nos pode tornar pessoas virtuosas. Por isso, a virtude adquire-se com a prática. Sobre filosofia política escreveu a Politica e sobre estética a Poética, entre outros livros. Ao afirmar “A dúvida é o princípio da sabedoria” Aristóteles mostra que o conhecimento tem um papel relevante na vida humana e a dúvida é o despertar para esse conhecimento. Quem se interroga e duvida tem vontade de saber.

Fontes
Logos, Enciplopédia Luso-Brasileira de Filosofia
Dicionário Escolar de Filosofia, Organização de Aires Almeida, Plátano Editora
Filosofia, Luís Rodrigues, Plátano Editora
Colecção Grande Pensadores, edição do Jornal Público
Wikipédia, a Enciclopédia Livre

28 setembro 2010

O que é a lógica?

Validade dos argumentos


A validade de um argumento depende exclusivamente da relação entre as premissas e a conclusão: dizer que um argumento é válido significa dizer que as premissas estão de tal modo relacionadas que a conclusão é verdadeira se as premissas forem verdadeiras. No caso dos argumentos dedutivos, essa conexão é a seguinte: é impossível as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.Ao avaliar o argumento quanto à sua validade, não importa saber se as premissas ou a conclusão são de facto verdadeiras. O que importa é saber se, supondo ou imaginando que as premissas são verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Para isso, só precisamos de fazer a seguinte pergunta hipotética: têm as premissas uma natureza tal, que se fossem verdadeiras a conclusão estaria obrigada a ser verdadeira? Tomemos o seguinte exemplo:
Todos os arquitectos ganham muito dinheiro.
Cristiano Ronaldo é arquitecto.
Logo, Cristiano Ronaldo ganha muito dinheiro.
Será válido ou inválido? Podemos raciocinar do seguinte modo: se a primeira proposição for verdadeira e se supusermos que a segunda também é verdadeira, não podemos negar a conclusão, ou seja, a conclusão deriva das premissas. O argumento é válido. A suposição da verdade das premissas é um mero procedimento para avaliar a conexão ou ligação entre as premissas e a conclusão. Como podemos constatar, a validade do argumento é independente da verdade das premissas – nem todos os arquitectos ganham muito dinheiro, nem Cristiano Ronaldo é arquitecto – e da conclusão. Neste caso, a conclusão é verdadeira. Como sabemos, o Cristiano Ronaldo que joga em Espanha, no Real Madrid, ganha muito dinheiro

02 setembro 2010

Hawking exclui Deus da criação do Universo

O Big Bang foi simplesmente uma consequência das leis da Física e Deus não teve nenhum papel nisso. A teoria do professor Stephen Hawking surge no seu novo livro, intitulado The Grand Design, e vai contra a posição assumida anteriormente pelo cientista britânico, que chegou a defender que a crença num Criador não era imcompatível com a Ciência, num best-seller publicado em 1988.
O Times publica esta quinta-feira alguns trechos da nova obra de Hawkings, onde este defender que "a criação espontânea é a razão por que algo existe". Esta teoria contesta assim a convicção de Isaac Newton de que o Universo não poderia ter surgido a partir do caos sem intervenção divina.
"Por haver uma lei como a da gravidade, o Universo pode e irá criar-se a ele próprio do nada. A criação espontânea é a razão pela qual algo existe ao invés de não existir nada, é a razão pela qual o universo existe, pela qual nós existimos", escreve o célebre cientista.
"Não é necessário evocar Deus para iluminar as coisas e criar o universo", acrescenta.
in Revista Visão

P.S. Este é um tema que vamos debater neste ano lectivo, na nossa escola. Fica atento(a).

18 junho 2010

Morreu hoje José Saramago: "Acho que nos falta Filosofia"

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.
José Saramago
(1922-2010)

Revista do Expresso

11 de Outubro de 2008

26 maio 2010

Emoção estética e forma significante























Vale a pena ler este texto de Clive Bell aqui

"Na arte o que importa é fazer passar uma ideia"

Baltazar Torres é um dos artistas que surgiram na década de 90. A pouco e pouco as suas obras, que combinam pintura escultura e instalação, foram-se impondo e internacionalizando, apesar de percorrer um caminho solitário e independente. É professor na Faculdade de Belas Artes do Porto e na Universidade Católica, também no Porto. Colaboram consigo diariamente no seu atelier alguns dos seus ex-alunos.

Quando concebe ou realiza uma obra, fá-lo a pensar em quê ou em quem? No público em geral, num público especializado, em si próprio?
Penso só no público especializado, que poderá aceitar melhor ou pior a investigação plástica por mim desenvolvida nas peças apresentadas.
Isso significa que se submete ao que pensa ser a opinião dos seus pares?
Significa que só se pode trabalhar para um público conhecedor. Eu não posso pensar que vou fazer uma exposição para um público que desconheça a arte contemporânea e as suas implicações sociais. Para nos entendermos com alguém, temos de falar uma língua comum.
Não concorda, então, com os que encaram a arte como uma espécie de linguagem universal?
Bom, a arte pode ser entendida por qualquer pessoa de qualquer parte do mundo, desde que haja uma compatibilidade cultural com o universo em que se insere o objecto observado.
Acha que a arte, nomeadamente a sua, é ou deve ser enquadrada por algum conceito de beleza?
Não. Ela pode ser atraente, mas pode também ser visualmente desagradável. Aquilo que mais importa é fazer passar um conceito, uma ideia, através de formas que possam ser adequadamente interpretadas.
Procura exprimir algum tipo de emoção através das suas obras?
As obras são sempre feitas de emoção e razão. Por exemplo, as obras de Mondrian são estruturalmente racionais, mas quando observadas ao pormenor vemos películas e velaturas de carácter emotivo. Não existem linhas rectas nos quadros de Mondrian, ao contrário do que muita gente pensa. São linhas com muitas rebarbas, imprecisões e hesitações. No meu trabalho não posso quantificar o grau de emoção e de razão, na medida em que estes dois aspectos são variáveis em intensidade. Nuns casos deixo que a razão se sobreponha ao aspecto emocional; noutros acontece o contrário.
O que acha que as pessoas podem encontrar nas suas obras? Há alguma intencionalidade nelas?
Há intencionalidade nelas. Para haver comunicação, a arte tem que dizer algo. A comunicação pode ser meramente visual, formal, conceptual, etc., mas é sempre comunicação. Compreender o que diz é compreender a obra de arte.
A arte serve para alguma coisa?
Serve para muitas coisas. Serve para expressar ideias, desenvolver conhecimentos, mudar os outros. Mas também é uma mercadoria que pode servir apenas como investimento, como paixão ou como divertimento. Até como forma de poder.
Mas acha que deveria mesmo servir para isso tudo?
Sim. Salvador Dali dizia que uma obra de arte é útil para taparmos uma fissura de uma parede da casa. Por que não?
Acha que a apreciação das obras de arte é apenas uma questão de gostos pessoais?
É uma questão de gostos pessoais mas, sobretudo, de gostos institucionais. Estabelecendo uma analogia com o caso da moda, também aí os gostos pessoais se baseiam em critérios que o chamado mundo da moda estabelece. No caso da arte é o mundo da arte.
Acha que qualquer coisa pode ser arte?
Acho que sim, desde que, embebida de um sentido artístico.
E como sabemos que está embebida de um sentido artístico?
É porque é concebida ou feita com esse fim, no contexto adequado.

Este é apenas um excerto da entrevista realizada por Aires Almeida retirada daqui.

18 maio 2010

Segundo Rawls, o salário de António Mexia é justo?

António Mexia, Presidente da EDP, auferiu em 2009, 3,1 milhões de euros. Este dinheiro daria para pagar o vencimento anual de 267 trabalhadores numa empresa em que supostamente os trabalhadores ganhassem o salário médio nacional de 894 euros*.
John Rawls acharia justo o salário de António Mexia, considerando a abismal diferença salarial entre António Mexia e a grande maioria dos portugueses?

À partida Rawls não acharia justa esta situação porque defende que deve haver “iguais liberdades básicas para todos, bem como uma igualdade equitativa de oportunidades e a divisão igual de rendimentos e da riqueza”. No entanto, haveria que questionar o seguinte:
-António Mexia conseguiu este lugar que lhe permite auferir tão alto rendimento, em igualdade de circunstâncias com outros portugueses com as mesmas capacidades, habilitações e competências? Ou seja, foi cumprido o princípio da oportunidade justa e houve as mesmas oportunidades de acesso a esta função /posição social? (considerando que podemos equiparar a função de Mexia na EDP a um cargo público - o Estado é o maior accionista da EDP.
- Esta diferença abismal de rendimentos responde ao princípio da diferença?
- Ou seja, António Mexia tem este elevado salário porque nas suas funções (produtividade gerada e benefício económico e social para o país) contribui para o benefício de todos os portugueses, especialmente os mais desfavorecidos (e isso só será possível com este elevado rendimento)?
Se a resposta às questões anteriores for afirmativa então Rawls consideraria o salário de António Mexia justo.

* Fonte: Revista Visão de 13 de Maio de 2010

13 abril 2010

O que legitima a autoridade do Estado? II

Por que razão devemos ocupar-nos de política? Por uma boa razão. Em relação a muitos problemas filosóficos, não decidir pode ser uma posição respeitável. Pode ser que eu seja incapaz de decidir, por boas razões, se temos ou não livre-arbítrio, ou se a vida tem ou não sentido. Nesses casos, não terei, sobre o livre-arbítrio ou o sentido da vida, qualquer perspectiva. É uma situação infeliz, mas possível. Em política, todavia, a indiferença é uma posição auto-refutante; isto porque, em política, não decidir é deixar que outros decidam por nós — seja o que for que decidam. Em política, a indiferença é concordar com a liberdade irrestrita e com a restrição da liberdade, com a defesa da propriedade privada e a abolição da propriedade privada, com o respeito dos direitos das minorias e o desrespeito dos direitos das minorias.
Uma sociedade pode não ter posição sobre o problema do livre-arbítrio ou do sentido da vida; mas em todas as sociedades alguém detém o poder político, e a riqueza está distribuída de uma maneira ou de outra. Claro que podemos pensar que a influência de um indivíduo, em matéria de decisão política, é mínima. Todavia, essa é uma matéria sobre a qual todos temos algo a dizer, seja através do voto, seja participando no debate público. Em política, não ter ideias é concordar com o que está, seja o que for
Nós nascemos num mundo onde um conjunto de instituições distribuem e administram o poder político; vivemos num mundo onde há governos, parlamentos, polícia, tribunais, etc. A nossa experiência de vida em sociedade diz-nos que há um Estado; que algumas pessoas governam e outras são governadas; e que, em virtude disso, algumas pessoas têm o direito de tomar decisões e de obrigar as outras a agir de determinadas maneiras, na falta do que serão castigadas. Mas terá de ser assim? Não haverá alternativa ao Estado?
Um ponto de partida para pensar sobre o Estado é perguntarmo-nos como seria a vida sem ele. Claro que não temos processo de abolir o Estado só para fazermos essa experiência; mas podemos recorrer àquilo a que chamamos uma «experiência mental». Imaginemos uma situação em que o Estado não existe, e ninguém detém o poder político. Os filósofos chamam-lhe o «estado de natureza». Como seria viver num estado de natureza?
Aristóteles, na Antiguidade, acreditava que não podemos viver sem Estado. Para ele, o homem é, por natureza, um «animal político»; precisamos naturalmente dos outros para viver; só se fôssemos deuses ou animais é que poderíamos viver sem Estado; o Estado é, pois, natural para nós. Não podemos abolir o Estado sem abolirmos a nossa condição de seres humanos.
Do ponto de vista de Aristóteles, o importante não é, pois, saber se podemos viver ou não sem Estado, mas sim qual é o melhor Estado em que podemos viver.
Criticamente,
Artur Apolónio,
Faustino Vaz e
Pedro Madeira, Porto Editora

O que legitima a autoridade do Estado?

O homem é um animal político, mais social do que as abelhas e outros animais que vivem em comunidade. A natureza, que nada faz em vão, só a ele concedeu o dom da palavra, dom que não se pode confundir com emitir sons. (…)
O Estado, ou sociedade política, é mesmo o primeiro objecto que a natureza se propôs. O todo é, necessariamente, anterior à parte. As sociedades domésticas e os indivíduos mais não são do que as partes integrantes e os indivíduos da Cidade, totalmente subordinados ao corpo na sua totalidade, perfeitamente distintas pelas suas capacidades e (…) funções, e completamente inúteis se separados, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem qualquer realidade, como acontece a uma mão de pedra. O mesmo se passa com os membros de uma Cidade; nenhum se pode bastar a si próprio. Quem quer que seja que não tenha necessidade dos outros homens ou é um deus ou um animal. Desta forma, a própria inclinação natural conduz todos os homens a este género de sociedade.
O primeiro que a instituiu trouxe-lhes o maior de todos os bens. Mas, assim como o homem civilizado é o melhor de todos os animais, também aquele que não conhece nem leis nem justiça é o pior de todos.
Aristóteles, Política, 1253 a)

22 março 2010

Aí está o tema para o debate final!

Quero ser um bom ser humano.
Que sentido devo dar à minha vida?
Devo seguir a ética deontológica de Kant ou a ética utilitarista de Stuart Mill?

Aceitam-se sugestões.

07 março 2010

Livros que mudaram o mundo!

O PÚBLICO faz 20 anos e traz aos seus leitores 20 livros que mudaram o mundo. Manifestos, tratados, ensaios, obras de inspiração religiosa ou filosófica, estes livros mudaram o curso da História e todos eles permanecem como obras fundadoras do pensamento moderno. A colecção de livros inclui algumas das mais obras filosóficas. Foi lançada a 11 de Fevereiro e termina a 24 de Junho.
Cada livro custa apenas 5,95€

Mais informações aqui.

03 março 2010

Utilitarismo

“Os críticos do utilitarismo raramente têm a justiça de reconhecer: que a felicidade que forma o padrão utilitarista sobre o que está certo na conduta não é a felicidade do próprio agente, mas a de todos os envolvidos. Quanto à escolha entre a sua própria felicidade e a felicidade dos outros, o utilitarismo exige que ele seja tão estritamente imparcial como um espectador benevolente e desinteressado. Na regra de ouro de Jesus de Nazaré lemos todo o espírito da ética da utilidade. Tratar os outros como que­remos que nos tratem e amar o nosso próximo como a nós próprios consti­tuem a perfeição ideal da moral utilitarista. Como meio de fazer a maior apro­ximação possível a este ideal, a utilidade prescreve, em primeiro lugar, que as leis e estruturas sociais coloquem tanto quanto possível a felicidade ou (como se lhe pode chamar para falar de maneira prática) o interesse de qualquer indivíduo em harmonia com o todo; em segundo lugar, que a educação e a opinião, que têm um poder tão vasto sobre o carácter humano, devem ser usadas para estabelecer na mente de todos os indivíduos uma associação indissolúvel entre a sua própria felicidade e o bem do todo, especialmente entre a sua própria felicidade e a prática daqueles modos de conduta, negativos e positivos, que a consideração pela felicidade universal prescreve, não só de modo a que estes possam ser incapazes de conceber consistentemente a possibilidade da felicidade para si próprios a par de uma conduta oposta ao bem geral, mas também de modo a que um impulso direc­to para promover o bem geral possa ser em todos um dos motivos habituais das acções, e que os sentimentos ligados a isto possam ocupar um lugar amplo e proeminente na exis­tência sensível de qualquer ser humano.
J. S. Mill, Utilitarismo, Utilitarismo, p. 64

21 fevereiro 2010

O que é a moral?

Estamos enganados acerca da moral. Ela não existe basicamente para punir, para reprimir, para condenar. Para isso há tribunais, polícias, prisões, e ninguém os confunde com a moral. Sócrates morreu na prisão, sendo todavia mais livre que os seus juízes. É talvez aqui que a filosofia começa. É aqui que a moral começa, para cada qual, e recomeça sempre: onde nenhuma punição é possível, onde nenhuma repressão é eficaz, onde nenhuma condenação, pelo menos exterior, é necessária. A moral começa onde nós somos livres: ela é a própria liberdade, quando esta se julga e se dirige.
Querias roubar aquele disco ou aquela peça de roupa numa loja... Mas há um vigilante que te observa, ou um sistema de vigilância electrónica, ou tens simplesmente medo de ser apanhado, de ser punido, de ser condenado... Não é honestidade; é calculismo. Não é moral; é precaução. O medo da autoridade é o contrário da virtude, ou é apenas a virtude da prudência.
Imagina, pelo contrário, que tens esse anel de que fala Platão, o famoso anel de Giges que te torna invisível quando queres... É um anel mágico que um pastor encontrou por acaso. Basta rodar o anel e voltar o engaste para o lado da palma da mão para a pessoa se tornar totalmente invisível, e rodá-lo para o outro lado para voltar a ficar visível. Giges, que era um homem honesto, não soube resistir às tentações a que este anel o submetia: aproveitou os seus poderes mágicos para entrar no Palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder e exercê-lo em seu exclusivo benefício. Quem conta a história n' A República [uma das obras de Platão] conclui que o bom e o mau, ou supostos como tais, não se distinguem senão pela prudência ou pela hipocrisia ou, dito de outra maneira, pela importância desigual que atribuem ao olhar dos outros ou pela sua maior ou menor habilidade em se esconder... Possuíssem um e outro o anel de Giges e nada os distinguiria: «tenderiam ambos para o mesmo fim». Isto é sugerir que a moral não é senão uma ilusão, um engano, um medo disfarçado de virtude. Bastaria podermos tornar-nos invisíveis para que qualquer interdição desaparecesse, e não houvesse senão a procura, por parte de cada um, do seu prazer ou do seu interesse egoístas.
Será isto verdade? Claro que Platão está convencido do contrário. Mas ninguém é obrigado a ser platónico... Para ti, a única resposta válida está em ti mesmo. Imagina, como experiência de pensamento, que tinhas esse anel. Que farias? Que não farias? Continuarias, por exemplo, a respeitar a propriedade dos outros, a sua intimidade, os seus segredos, a sua liberdade, a sua dignidade, a sua vida? Ninguém pode responder por ti: esta questão só a ti diz respeito, mas diz respeito a tudo o que tu és. Tudo aquilo que não fazes, mas que te permitirias se fosses invisível, releva menos da moral que da prudência ou da hipocrisia. Em contrapartida, aquilo que, mesmo invisível, continuarias a obrigar-te ou a proibir-te, não por interesse mas por dever, só isso é estritamente moral. A tua alma tem a sua pedra de toque. A tua moral tem a sua pedra de toque, pela qual te julgas a ti mesmo. A tua moral? Aquilo que exiges de ti, não em função do olhar dos outros ou desta ou daquela ameaça exterior, mas em nome de uma certa concepção do bem e do mal, do dever e do interdito, do admissível e do inadmissível, enfim, da humanidade e de ti. Concretamente: o conjunto das regras às quais te submeterias mesmo que fosses invisível e invencível.
O que é a moral? É o conjunto das coisas a que um indivíduo se obriga ou que proíbe a si mesmo, não para aumentar a sua felicidade ou o seu bem-estar, o que não passaria de egoísmo, mas para levar em conta os interesses ou os direitos do outro, para não ser um malvado, para permanecer fiel a uma certa ideia da humanidade e de si. A moral responde à questão “Que devo fazer?” — é o conjunto dos meus deveres, ou seja, dos imperativos que reconheço como legítimos —- mesmo que, como qualquer pessoa, ocasionalmente os viole. É a lei que imponho a mim mesmo, ou que deveria impor-me, independentemente do olhar do outro e de qualquer sanção ou recompensa esperadas.
(…) Se toda a gente mentisse, ninguém acreditava em ninguém: nem se poderia sequer mentir (pois a mentira supõe a própria confiança que viola) e qualquer comunicação se tornaria absurda ou vã.
Se toda a gente roubasse, a vida em sociedade tornar-se-ia impossível ou miserável: deixaria de haver propriedade, não haveria bem-estar para ninguém nem haveria nada para roubar...
Se toda a gente matasse, seria a humanidade ou a civilização que correriam para a sua perda: haveria apenas violência e medo, e seríamos todos vítimas dos assassinos que seríamos todos...

André COMTE-SPONVILLE - Apresentações da Filosofia, p. 27-35

28 janeiro 2010

Filósofo Pedro Galvão defende direito dos animais à vida e à integridade física e psicológica


















O filósofo Pedro Galvão, da Universidade de Lisboa, esteve ontem, dia 27 de Janeiro, no Externato Infante D. Henrique numa conferência intitulada “Os Animais têm Direitos?”.

Nesta iniciativa a que assistiram cerca de 110 alunos do 10º e 11º ano, bem como professores, Pedro Galvão apresentou alguns dos mais marcantes argumentos e contra-argumentos sobre os Direitos dos Animais, distinguindo as teses dos utilitaristas, filósofos que costumam negar a existência de direitos e dos deontologistas, aqueles que acreditam em direitos morais negativos (os direitos morais colocam-nos apenas a obrigação moral de não intervir na vida dos outros seres). Depois de distinguir entre direitos jurídicos e direitos morais dos animais, Pedro Galvão fez também uma retrospectiva histórica dos direitos dos animais, afirmando que, por exemplo, segundo o filósofo Descartes (Sec. XVII), os animais não têm direitos porque são destituídos de consciência ou vida mental. Mas Pedro Galvão apresentou ainda as perspectivas de Carl Cohen, Jan Narveson (Contratualismo), entre outros. Os contratualistas vêem a ética como uma espécie de contrato (implícito ou hipotético) entre seres humanos racionais, em que cada um de nós concorda em abster-se de fazer certas coisas aos outros (roubar, matar, torturar, etc.) na condição de os outros também procederem assim. O problema da perspectiva contratualista, segundo Pedro Galvão, é deixar de fora do contrato ético não só os animais, mas também muitos seres humanos, tais como bebés, deficientes mentais profundos, doentes mentalmente muito debilitados e seres humanos das gerações futuras. O argumento do especismo, ou seja, que os animais não podem ter direitos porque não pertencem à espécie humana, também foi refutado por Pedro Galvão: segundo este filósofo o especismo é um erro ético análogo ao racismo pois os especistas supõem erradamente que a espécie de um indivíduo é importante em si.
Este filósofo, que desenvolve um projecto de pós-doutoramento sobre identidade pessoal e o mal de matar na Universidade de Lisboa, defendeu, por isso, que não há bons argumentos para restringir os direitos morais aos seres humanos. Assim, na sua perspectiva, os animais devem ter alguns direitos, nomeadamente o direito à integridade física e psicológica, devendo, por isso os humanos evitar o seu sofrimento. Pedro Galvão defendeu também que é plausível que pelo menos os animais conscientes de si tenham o direito à vida (dando exemplo dos Símios). Pedro Galvão é também da opinião que devemos mudar radicalmente o modo como hoje tratamos os animais. Não podemos sacrificar os interesses mais importantes dos animais para satisfazer interesses triviais. Mas é isso que acontece sistematicamente, nomeadamente na criação intensiva de animais para a nossa alimentação, no uso de animais em experiências científicas, na indústria de cosméticos ou entretenimento, como acontece no circo ou nas touradas.
Esta actividade foi organizada pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas (Grupo de Filosofia) do Externato Infante D. Henrique.

26 janeiro 2010

Temos que falar...

...sobre isto...
Comparece amanhã, às 14.25 horas,
no Centro de Recursos Educativos
do Externato Infante D. Henrique

*documento enviado gentilmente pelo prof. Manuel Augusto

O Departamento de Ciências Sociais e Humanas (Grupo de Filosofia) do Externato Infante D. Henrique, de Ruílhe, Braga, convida alunos e professores a estarem presentes na conferência intitulada “Os animais têm Direitos?”, com o filósofo Pedro Galvão, a ter lugar na próxima quarta-feira, dia 27 de Janeiro, pelas 14:25 horas, no Auditório do Centro de Recursos Educativos. Nesta conferência o Doutor Pedro Galvão começará por explicar o que é um direito moral e esclarecerá alguns aspectos da vida mental dos animais. Neste contexto, este filósofo refutará a ideia de que os direitos morais são exclusivos dos seres humanos. No entanto, mesmo que nenhum animal tivesse direitos, isso não significaria que não temos obrigações éticas directas para com os animais. Pedro Galvão abordará também o desrespeito moral no uso de animais na alimentação, na ciência e para fins recreativos. Para inscrever-se devem enviar um mail com o nome e escola para o seguinte endereço: participo@alfacoop.pt .

O Doutor Pedro Galvão é Investigador no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, onde desenvolve um projecto de pós-doutoramento sobre identidade pessoal e o mal de matar. É autor do livro “Do Ponto de Vista do Universo” e de diversos artigos de ética filosófica, publicados em revistas nacionais e internacionais. Organizou o livro “A Ética do Aborto”, bem como edições portuguesas dos clássicos Utilitarismo, de J. S. Mill, e Fundamentação da Metafísica dos Costumes, de Immanuel Kant. É também um dos autores dos manuais “A Arte de Pensar” e de outras publicações didácticas. Está a organizar um livro sobre o problema dos direitos dos animais.

21 janeiro 2010

Conferência a 27 de Janeiro. Não Faltes!


DIREITOS DOS ANIMAIS 1
"(...) De modo que matar um chimpanzé, por exemplo, é pior que matar um ser humano que, devido a uma deficiência mental congénita, não é nem pode vir a ser uma pessoa"

DIREITOS DOS ANIMAIS 2
"É bem possível que estes mamíferos (baleias e os golfinhos) com cérebros grandes se revelem seres racionais e autoconscientes"

DIREITOS DOS ANIMAIS 3
De acordo com números oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos , cerca de 140.000 cães e 42.000 gatos morrem nos laboratórios dos EUA todos os anos e um número menor mas considerável é usado em todos os países «desenvolvidos».

DIREITOS DOS ANIMAIS4
"A relação entre mãe e cria nos mamíferos pode constituir uma fonte de sofrimentos intenso se alguma delas morrer ou for levada"

DIREITOS DOS ANIMAIS 5

"Para promover as atitudes moralmente correctas de consideração pelos animais, incluindo os não autoconscientes, talvez seja melhor considerar como princípio elementar evitar matá-los para os comer"


Citações de Peter Singer, do livro Ética Prática

11 janeiro 2010

Relativismo Cultural e Tolerância



A ideia de que a ética é apenas uma questão de convenções sociais atraiu sempre as pessoas educadas. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes, diz-se, e pensar que há um padrão universal que se aplica em todas as épocas e lugares não passa de uma ingenuidade. É fácil encontrar exemplos. Nos países islâmicos, os homens podem ter mais do que uma mulher. Na Europa medieval, pensava-se que emprestar dinheiro a juros era pecado. Os povos nativos do Norte da Gronelândia por vezes abandonavam as pessoas velhas, deixando-as morrer ao frio. Ao pensar em exemplos como estes, os antropólogos concordam há muito com a afirmação de Heródoto:« O costume é o rei de todos nós.»
Hoje a ideia de que a moralidade é um produto social é atraente por uma razão adicional. O multiculturalismo é agora uma questão importante, especialmente nos Estados Unidos. Dada a posição dominante dos Estados Unidos no mundo, diz-se, e dada a forma como as acções americanas afectam os outros povos, os americanos estão especialmente obrigados a respeitar e a apreciar as diferenças entre culturas. Em particular, diz-se, temos de evitar a suposição arrogante de que os nossos costumes são «certos» e de que os costumes dos outros povos são inferiores. Isto significa, em parte, que devemos abster-nos de fazer juízos morais sobre as outras culturas. Devemos adoptar uma política de vive e deixa viver.
Superficialmente, esta atitude parece esclarecida. De facto, a tolerância é uma virtude importante e é óbvio que muitas práticas culturais não passam de costumes sociais - por exemplo, padrões de vestuário, de alimentação, de organização doméstica.
No entanto as questões fundamentais de justiça são diferentes. Quando pensamos em exemplos como a escravatura, o racismo e os maus tratos infligidos às mulheres, encolher os ombros e dizer «Eles têm os seus costumes e nós temos os nossos» já não parece tão esclarecido. (...) Temos a ideia, já mencionada, de que devemos respeitar as diferenças entre culturas.Respeitar uma cultura não implica que tenhamos de considerar aceitável tudo o que nela existe. Podemos pensar que uma cultura tem uma história maravilhosa e que produziu grandes obras de arte e ideias belas. Podemos pensar que as suas figuras cimeiras são nobres e admiráveis. Podemos pensar que a nossa própria cultura tem muito a aprender com ela. Ainda assim, isto não significa que tenhamos de considerá-la perfeita. Pode incluir elementos terríveis.

Problemas da Filosofia, James Rachels

Emotivismo (e subjectivismo) moral


Segundo o emotivismo, a linguagem moral não é uma linguagem de afirmação de factos; não é normalmente usada para transmitir informação. O seu propósito é diferente. É usada, primeiro, como um meio de influenciar o comportamento das pessoas. Se alguém diz «Não deves fazer isso», essa pessoa está a tentar impedir outra de o fazer. A elocução é, pois, mais parecida a uma ordem do que a uma afirmação de facto; é como se a pessoa tivesse dito: «Não faças isso!» em segundo lugar, a linguagem moral é usada para exprimir (e não para relatar) a atitude de alguém. Afirmar: «Lincoln era um homem bom», não é o mesmo que afirmar «Eu gosto de Lincoln», mas é como dizer «Um viva por Lincoln!»
A diferença entre o emotivismo e o subjectivismo simples deve agora ser óbvia. O subjectivismo simples interpretava as afirmações éticas como afirmações de facto de um tipo especial - nomeadamente como relatos da atitude do interlocutor. Segundo o subjectivismo simples, quando Falwell afirma «A homossexualidade é imoral», isto significa o mesmo que «Eu (Falwell) desaprovo a homossexualidade» - uma afirmação de facto sobre a atitude de Falwell. O emotivismo, por seu lado, nega que esta elocução declare qualquer facto, mesmo um facto sobre o próprio interlocutor. Em vez disso, o emotivismo interpreta a elocução de Falwell como equivalente a algo como «A homossexualidade - que horror!» ou «Não se envolva em actos homossexuais!», ou ainda «Quem me dera não existisse homossexualidade». (...)
Elementos da Filosofia Moral, James Rachels

Programação das AULAS DE FILOSOFIA - RTP Madeira com o Prof. Rolando Almeida

Podes aceder às aulas de Filosofia da RTP Madeira, lecionadas pelo Prof. Rolando Almeida (na foto), acedendo aos links abaixo.  TELENSINO (R...