19 outubro 2010

Quem foi Sócrates?

A vida de Sócrates continua a ser um enigma, o que não o impede de ser considerado o símbolo por excelência do filósofo. Sócrates nasceu em Atenas, filho de Sofronisco, escultor e de Fenáreta (Fenarete), de ofício parteira. Terá recebido uma educação tradicional, isto é, ginástica e música. Parece que exerceu por algum tempo o ofício de seu pai. No princípio interessou‐se pelas doutrinas físicas dos filósofos jónios. Parece certo que terá participado nas guerras do Peloponeso (431‐404), como soldado hoplita (guerreiro a pé), o que correspondia a um cidadão de nível médio. Salvou Alcibíades ferido durante o cerco de Potidea (429), participou na batalha de Delion (424), na Boécia, e já com cerca de 50 anos, na de Anfipolis (421), na Trácia. Fez parte do Senado dos quinhentos, opondo‐se sempre às medidas que considerava injustas. Enfrentou a morte desobedecendo a uma ordem dada pelo governo dos Trinta Tiranos (404). Algures num momento da sua vida terá começado a interessar‐se sobre o conhecimento de si e do homem em geral. À sua volta começam a formar‐se um grupo de discípulos e amigos, entre os quais se destacam Platão, Alcibíades, Xenofonte, Antístenes, Crítias, Aristipo, Euclides de Megara e Fédon. Depois de uma vida inteira dedicada a interrogar os seus concidadãos, em obediência a uma voz interior (daimon) é acusado de corromper os jovens contra a religião e as leis da cidade. A acusação é feita por Anito, em nome dos artesãos e políticos, por Meleto, em nome dos poetas, e por Licón pelos oradores. Condenado por um tribunal popular a beber cicuta, e após ter recusado os planos de fuga de Critón, morre numa prisão em Atenas, rodeado de amigos e discípulos. Sócrates rapidamente se torna na figura emblemática do filósofo, imortalizado em inúmeras obras. Platão, díscipulo de Sócrates desde os vinte anos, transforma‐o na personagem central dos seus diálogos, em particular na Apologia de Sócrates, Fedón e Critón. Nesta obras é ressaltada sobretudo a sua dimensão moral. Aristófanes, comediógrafo e crítico do seu tempo, na comédia As Núvens, apresenta‐nos um Sócrates sofista apenas interessado no que cobrava pelas aulas de retórica e oratória, misturando discursos sobre a natureza e a moral.
“Só sei que nada sei”, esta frase emblemática atribuída a este pensador, condensa a postura crítica deste filósofo face às “verdades” fáceis, às opiniões correntes, às convicções em voga. Sócrates considerava que quem julga que possui a sabedoria não pode sentir o desejo de saber, que só surgirá naqueles cuja convicção é a de que nada sabem. Por outro lado, ao afirmar “Conhece‐te a ti mesmo” revela a necessidade natural que o homem tem de examinar, questionar e confrontado com a dúvida submetê‐la a exame crítico.

Fontes
Logos, Enciplopédia Luso-Brasileira de Filosofia
Dicionário Escolar de Filosofia, Organização de Aires Almeida, Plátano Editora
Filosofia, Luís Rodrigues, Plátano Editora
Colecção Grande Pensadores, edição do Jornal Público
Wikipédia, a Enciclopédia Livre

18 outubro 2010

Uma questão de lógica!

O ser humano é um ser racional, ou seja, é dotado de pensamento, da capacidade de reflexão. É de facto essa característica que o torna único e excepcional no Planeta Terra: é o único que se interroga, que quer sempre saber mais, que quer saber como as coisas funcionam, que pergunta se as coisas não poderiam ser de outra maneira, que investiga. É aqui que reside a sua especificidade, a sua autonomia, a sua liberdade: o pensar por si mesmo, o pensar de forma crítica, defendendo os seus pontos de vista. Como diz o poeta, «sempre que um Homem sonha o mundo pula e avança». Se o ser humano não ousa pensar, o mundo não progride. O ser humano inventou o automóvel, a televisão, o computador, o telemóvel, os antibióticos, as vacinas, etc. Todas estas coisas, e outras, existem porque há pessoas que procuram saber por que uma pessoa tem razão, se é que tem, se concordam ou não com essa pessoa e porquê; ou seja, investigam.
Investigar é construir teorias próprias e verificá-las. É assim que a ciência avança. No entanto, o que o ser humano inventa não é criado por indivíduos isolados. O ser humano é um ser social, ou seja, realiza-se em contacto e em interacção com os outros, em sociedade. Nessa interacção, o ser humano necessita de comunicar, de partilhar com os outros as suas ideias, assim como mostrar as razões que o levam a defendê-las. Mas, ao contrário do que muitas vezes acontece, ele não pode, ou não deve, apresentar razões de qualquer maneira: é preciso que essas razões façam sentido e que sejam correctas.
Quanto mais rigoroso for o seu pensamento, melhor apresentará as suas razões, os seus argumentos, para defender um ponto de vista
, sobre o que quer que seja: pedir um aumento da mesada aos pais, mostrar aos amigos qual julgamos ser o melhor partido político, mostrar à professora a necessidade de mudar a data do teste, etc.
É precisamente aqui que entra a lógica. Ela ajuda-nos a pensar melhor, de forma correcta, e a expor de forma rigorosa o nosso pensamento. Se soubermos um pouco de lógica conseguimos mostrar de maneira mais eficaz o nosso ponto de vista ou opinião sobre algo, somos capazes de perceber se as opiniões dos outros são ou não bem fundamentadas, conseguimos argumentar melhor.
Fátima Reis

12 outubro 2010

Quem foi Aristóteles?

Aristóteles (384 – 322 a.C.) é um dos mais influentes filósofos de sempre. Nasceu em Estagira, no norte da Grécia. Foi discípulo de Platão em Atenas e mestre de Alexandre Magno, na Macedónia. Depois da morte de Platão, fundou em Atenas a sua própria escola, a que deu o nome de Liceu. Os seus interesses eram os mais variados. Não houve quase nenhum domínio do conhecimento sobre o qual não tivesse escrito e atribuía uma grande importância à observação da natureza. Ele próprio procedeu a estudos minuciosos nos domínios da física, biologia, psicologia e linguagem. Entre as disciplinas filosóficas que desenvolveu contam-se a lógica, a metafísica, a ética, a filosofia política, e a estética. Pode mesmo dizer-se que foi o fundador da lógica, começando o seu estudo praticamente do nada. Se bem que limitada e com várias deficiências, a teoria lógica aristotélica foi o resultado de um trabalho notável de inteligência, de tal modo que, no essencial, se manteve incontestada e estudada até ao final do século XIX. Aristóteles procurou determinar as formas válidas de inferência, isto é, as inferências cuja forma nos impede de chegar a uma conclusão falsa a partir de premissas verdadeiras. E estabeleceu um conjunto de regras para identificar as boas e evitar as más inferências. Organon é o nome dado ao conjunto das suas obras de lógica. Na Metafísica, uma das suas obras mais marcantes, Aristóteles descreve esta disciplina como o estudo do «ser enquanto ser», isto é, o estudo do ser em geral, independentemente do modo particular como as coisas são. Em Ética a Nicómaco, Aristóteles argumenta, entre outras coisas, a favor da ideia de que as virtudes morais, como a generosidade e a honestidade, não são inatas. Só o hábito de evitar excessos de qualquer tipo nos pode tornar pessoas virtuosas. Por isso, a virtude adquire-se com a prática. Sobre filosofia política escreveu a Politica e sobre estética a Poética, entre outros livros. Ao afirmar “A dúvida é o princípio da sabedoria” Aristóteles mostra que o conhecimento tem um papel relevante na vida humana e a dúvida é o despertar para esse conhecimento. Quem se interroga e duvida tem vontade de saber.

Fontes
Logos, Enciplopédia Luso-Brasileira de Filosofia
Dicionário Escolar de Filosofia, Organização de Aires Almeida, Plátano Editora
Filosofia, Luís Rodrigues, Plátano Editora
Colecção Grande Pensadores, edição do Jornal Público
Wikipédia, a Enciclopédia Livre

Programação das AULAS DE FILOSOFIA - RTP Madeira com o Prof. Rolando Almeida

Podes aceder às aulas de Filosofia da RTP Madeira, lecionadas pelo Prof. Rolando Almeida (na foto), acedendo aos links abaixo.  TELENSINO (R...