12 janeiro 2012

Somos tão livres como um computador?


O problema acerca da existência da liberdade humana pode ser apresentado numa formulação preliminar. As nossas crenças e desejos, e portanto, o nosso comportamento, são causados por coisas fora do nosso controlo. Não escolhemos livremente os nossos genes nem a sequência de ambientes em que crescemos. Se não os escolhemos livremente, porquê dizer que o nosso comportamento é o resultado de uma escolha livre da nossa parte? Como podemos ser responsáveis por ações causadas por acontecimentos (que tiveram lugar há muito tempo) sobre os quais não exercemos qualquer controlo? Aparentemente, somos tão livres como um computador: um computador comporta-se como o faz porque foi programado para isso.

Elliott Sober, Tradução de Paulo Ruas
Core Questions in Philosophy

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta situação é deveras muito pertinente…
Na minha opinião existe uma diferença entre o computador e o ser humano. Imagine-se que é instalado determinado programa num computador. Quando o utilizamos, já sabemos o queremos e o que vai acontecer, por exemplo, quando clicamos na tecla “a”, sabemos imediatamente que no ecrã aparecerá um “a”, pois, o computador está programado para esse fim e não tem opção de escolha. Contudo, por vezes, perante certa acção humana, mesmo conhecendo os acontecimentos que antecederam tal ação, não conseguimos prever com certeza (como o que ocorreu na situação do aparecimento do caracter “a”) qual será o seu efeito, isto porque o agente tem várias opções de escolha, podendo optar por qualquer uma delas, o que não acontece com o computador. Também é verdade, que relativamente ao nosso nascimento e aos acontecimentos anteriores a este, não temos qualquer controlo , já que, ainda não “existimos”realmente e não temos por isso, liberdade; (vimos ao mundo com base nas crenças e desejos dos outros, efetivamente dos nossos pais) porém, ao longo do tempo vamos adquirindo capacidade de escolha, a qual nos permitirá elaborar o nosso próprio projecto de vida… Imagine-se a seguinte situação:


“Pedro regressava da escola e pelo caminho avistou uma cena onde dois rapazes massacravam um rapazinho inofensivo...” Neste caso, Pedro era livre de optar por três formas de agir: ou ignorava a situação e prosseguia o seu percurso, ou entremetia-se, defendendo o rapazito, ou juntava-se aos dois outros rapazes, humilhando e prejudicando ainda mais o menino inofensivo... Pedro teria então, que utilizar a sua liberdade de modo eficaz, assumindo a responsabilidade do seu ato (os seus efeitos). Parte desta escolha poderia estar já determinada pela sua personalidade, porém, isso não o impedia de fazer aquilo que queria efetivamente, isto é, agir de acordo com a sua vontade própria. Por sua vez a sua personalidade, está em parte, determinada pelos seus genes e ambiente em que se encontra inserido, mas também é o resultado de escolhas (nas quais utilizou a liberdade) que vai fazendo ao longo da sua vida, sobre as quias ele tem total controlo, não representando um constrangimento, já que, foi aquilo que realmente ele decidiu e queria. Na minha opinião a liberdade, é uma condição necessária à nossa vida, dado que é esta, que nos permite construir o nosso próprio projeto, o qual poderá eventualmente ser condicionado por certos acontecimentos do passado, mas não impedido…
Sendo assim, é esta alternativa de escolha, da qual o ser humano usufrui que o diferencia do computador (tornando algumas ações humana livres e imprevisíveis).

Ana Cristina
10ºB

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