29 abril 2015

A regra Maximin, segundo John Rawls

O princípio da diferença na Teoria da Justiça de John Rawls exige da estrutura básica e do Estado e respetivas instituições, um mínimo social que não só garanta dignidade da pessoa mas também maximize as perspetivas de vida dos menos favorecidos ao longo do tempo. Esta ideia está expressa pela regra Maximin que define como as partes pensam em condições de incerteza. Assim, o princípio Maximin obriga a identificar, na posição original, o pior resultado de cada alternativa disponível e adotar a alternativa cujo pior resultado é melhor do que os piores resultados de todas as outras alternativas. Ou seja, defende uma escolha racional que protege os mais pobres. Paradoxalmente, parece um princípio de escolha racional incompatível com um regime liberal. Tomemos o exemplo do atual governo português de cariz liberal e o modo como tem sido definida, orientada e regulada a educação em Portugal, particularmente no que concerne à avaliação externa dos alunos. As práticas dos atuais responsáveis pela educação não indiciam que, supostamente colocados na posição original, escolhessem o Princípio Maximin (escolha do «melhor, pior» resultado) mas sim o Princípio Maximax (escolha do «melhor, melhor» resultado) nas palavras de J Jonathan Wolf (2004). Estes governantes têm dado especial enfoque aos resultados da avaliação externa[1], no sentido de procurar melhorar a eficácia ou eficiência do sistema e, eventualmente, a qualidade do ensino. Uma das últimas medidas tomadas prevê que se atribuam prémios sob a forma de créditos horários às escolas que apresentem melhores resultados nos exames nacionais. Trata-se de um critério de avaliação eventualmente meritocrático das escolas, que penaliza as escolas com piores resultados e, naturalmente, os alunos mais desfavorecidos que frequentam essas escolas. O princípio Maximin aplicado na posição original e, eventualmente, a esta situação concreta, talvez fosse socialmente mais justo. Rawls, por seu lado, admite, assim, a desigualdade na distribuição de determinados bens básicos (riqueza e rendimento) no pressuposto dessa desigualdade melhorar as condições de vida de todos mas em especial dos menos favorecidos.




[1] Ver Um terço das escolas superam-se e recebem “prémio” de Crato (2015). Público Online. Consultada a 3 de março de 2015 em http://www.publico.pt/sociedade/noticia/um-terco-das-escolas-superamse-e-recebem-premio-de-crato-1667592?page=-1

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