16 abril 2020

Tens dúvidas sobre "A racionalidade científica e a questão da objetividade" (Popper e Kuhn)? Coloca-as aqui!


Educação Pública - Embates teórico-filosóficos entre Thomas Kuhn e ...

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11 comentários:

Pedro Teles disse...

Professor, ainda não percebi a diferença exata entre os conceitos se racionalidade e de objetividade científicas. Segundo o que estudei, reti a ideia de que, por um lado, a objetividade prende-se com o modo como as teorias científicas são testadas. Por outro lado, creio que a racionalidade científica abrange não só a ideia de objetividade, mas também de progresso e evolução contínuos em direção à verdade.
Está correto o meu raciocínio?

Aguardo resposta, professor.

Pedro Teles, 11°D

Sérgio Cortinhas disse...

De certa forma está correta a tua análise. A ciência segundo Popper é racional se cumprir três requisitos fundamentais/condições: (1)utilizar um método confiável (conjeturas e refutações), (2)produzir explicações/teorias objetivas - justificadas ou testadas através de critérios lógicos rigorosos e independentes das convicções pessoais dos cientistas e se (3) avançar em direção à verdade (progresso científico).
A objetividade é, por isso, uma das condições para se afirmar que a ciência é racional. Repara, por exemplo, a astrologia (que não é ciência) não é racional mas irracional. Porquê? Porque (1) não utiliza um método fiável, (2) não é objetiva mas baseada em meras suposições pessoais do astrólogo (3) nem produz explicações verdadeiras.

Anónimo disse...

O que quer dizer "conhecimento sem conhecedor" de acordo com Popper?
Se uma teoria é conjetural, não é objetiva?
Aguardamos resposta
Jéssica Carneiro nº14
Fábio nº9
André Martins nº2
Ana Carolina nº1
Beatriz Correia nº3
Maria Azevedo nº26
11ºC

Sérgio Cortinhas disse...

A expressão "conhecimento sem conhecedor" é usada por Popper para se referir ao caráter objetivo da ciência, ao modo como deve desenvolver-se o conhecimento científico. É a ideia de que o conhecimento científico deve ser independente do sujeito (das suas convicções pessoais, crenças, valores, etc...). Assim, os aspetos relacionados com o sujeito/cientista e as suas preferências não têm, ou não devem ter, qualquer papel (Imagina que um cientista na China faz uma investigação sobre o Covid-19 mas a orienta a mesma com critérios políticos, então a sua ciência não é objetiva).
Uma teoria pode ser conjetural e, simultaneamente, objetiva. Conjetural significa que é uma hipótese ou explicação provisória e refere-se ao contexto da descoberta (primeira e segunda fase do método científico). Mas quando se fala da objetividade da ciência fala-se fundamentalmente do modo como são testadas as teorias (contexto de justificação). Se os testes científicos seguirem critérios lógicos rigorosos e independentes das convicções pessoais dos cientistas, então a ciência, além de ser uma conjetural é objetiva. Aliás, toda a boa ciência é conjetural e objetiva, porque se for boa ciência significa que seguiu critérios de objetividade, no entanto, as teorias são sempre verdades conjeturais, provisórias (apenas corroboradas).

Anónimo disse...

Popper defende então que existe subjetividade na ciência, como por exemplo ao formular conjeturas, mas mesmo assim a ciência proporciona conhecimento objetivo uma vez que só importa como as justificamos/testamos ?

Segundo Popper, se a ciência não fosse racional, poderia haver na mesma progresso científico?

Aguardamos resposta,
Diogo Moura
Mariana Martins
Rita Mendes
Tiago Dias, 11D

Anónimo disse...

O processo cumulativo é uma das formas de provar que a ciência é mesmo objetiva?

Para Popper é preciso saber se as teorias são verdadeiras para haver progresso?

De acordo com Popper como é caracterizada a evolução cientifica?

Popper insiste que a ciência é racional mas dedutiva, ao contrário de Hume que diz que é racional mas indutiva, qual dos dois tem razão?

Aguardamos resposta,
Cláudio Gomes
Fabiana Silva
Leonor Ribeiro
Mafalda Barroso
Beatriz Nogueira
11C

Sérgio Cortinhas disse...

Grupo do Diogo Moura:
1ª Questão
Sim, é verdade o que afirmam. Segundo Popper, apesar de poder haver elementos subjetivos na fase da construção teórica (contexto da descoberta) e de as teorias terem um caráter provisório, o que importa é o modo como elas são justificadas (contexto de justificação), como são testadas. E, assim sendo, Popper defende que as teorias científicas são avaliadas de acordo com critérios objetivos.

2ª Questão
Se a ciência não for racional, segundo Popper, não pode haver progresso científico porque se não houver uma atitude racional e crítica procurando-se falhas nas teorias, de modo a substituí-las por outras, através do método das conjeturas e refutações, a ciência não progride. É a racionalidade que impulsiona a ciência em direção à verdade.

Sérgio Cortinhas disse...

Grupo do Cláudio:
O processo cumulativo é uma das formas de provar que a ciência é mesmo objetiva?
Sim, pode dizer-se que há progresso na ciência (num processo parcialmente cumulativo) porque a ciência é objetiva. Ou seja, a objetividade da ciência permite produzir teorias científicas melhores que as anteriores, através da eliminação de erros.


Para Popper é preciso saber se as teorias são verdadeiras para haver progresso?
Para Popper sabemos que há progresso quando uma teoria é melhor que a anterior (resiste a testes a que a anterior não resistiu e explica mais as coisas que a anterior). Para Popper não há teorias verdadeiras mas teorias mais ou menos próximas da verdade (verosímeis ou corroboradas), porque nunca sabemos se atingimos a verdade (imagina que um alpinista está a escalar uma montanha, pode não saber que atingiu o pico (verdade) mas sabe que se vai aproximando dele).

De acordo com Popper como é caracterizada a evolução cientifica?
Segundo Popper a ciência evolui cumulativamente através da eliminação de erros (conjeturas e refutações) e da substituição das más teorias por outras melhores, em que cada nova teoria se ajusta melhor à realidade.

Pedro Teles disse...

Professor, o nosso grupo grupo de trabalho compreendeu os tópicos do dogmatismo e do progresso científico cumulativo inerentes à ciência normal. Todavia, não conseguimos conceber com clareza o que pretende a seguinte expressão: "A ciência normal evolui na continuidade" - esta evolução "na continuidade" subjaz ao progresso desta forma de fazer ciência ou ao conservadorismo e dogmatismo imanente a esta?

Aguardamos ansiosamente resposta.


11°D:
Pedro Teles,
Gonçalo Magalhães,
Fábio Moura,
Rui Martins,
Pedro Costa.

Sérgio Cortinhas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Cortinhas disse...

A ciência normal evolui na continuidade significa que nesse período ("Ciência Normal"), em que os cientistas aceitam o paradigma vigente (a teoria da relatividade, por exemplo), há um reforço dos conhecimentos associados ao referido paradigma e, assim sendo, a ciência progride mas apenas no sentido de ampliar ou aprofundar (acumular/cumulativamente) conhecimentos acerca das teorias e leis científicas conhecidas e aceites pela comunidade científica.Daí falar-se em dogmatismo - não há lugar ao questionamento do paradigma - e conservadorismno - os cientistas, de uma maneira geral, são educados a aceitar o paradigma dominante na comunidade científica. Einstein, por exemplo, que revolucionou a ciência com a sua teoria da relatividade é um exemplo de alguém que teve muita dificuldade em impor a sua teoria na primeira metade do século XX, porque descobria anomalias em teorias vigentes e porque, de uma maneira geral, a comunidade científica não aceita de bom grado que se ponha em causa o paradigma vigente.Vejam a série Genius, onde este conflito entre Einstein e a comunidade científica é bem evidente. O exemplo de Einstein ilustra bem a passagem de um período de ciência normal para a ciência extraordinária.

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Podes aceder às aulas de Filosofia da RTP Madeira, lecionadas pelo Prof. Rolando Almeida (na foto), acedendo aos links abaixo.  TELENSINO (R...