21 novembro 2006

A Atitude filosófica na música dos Boss AC




Pediu-se aos alunos que procurassem diferentes suportes reveladores do espírito filosófico, (sob o ponto de vista da atitude filosófica, das especificidades da filosofia ou outros, no contexto da matéria do Módulo Inicial) e fizessem sobre o(s) mesmo(s) um comentário crítico. A Daniela Martins, o João Pedro da Cruz, a Rute Barbosa, a Sónia Barbosa e a Soraia Martins, do 10ºA, comentaram a seguinte música dos Boss AC.


QUE DEUS?
Boss AC

Quem quer que sejas, onde quer que estejas
Diz-me se é este o mundo que desejas.
Homens rezam, acreditam , morrem por ti.
Dizem que estás em todo o lado mas não sei se já te vi.
Vejo tanta dor no mundo, pergunto-me se existes.
Onde está a tua alegria neste mundo de homens tristes?
Se ensinas o bem porque é que somos maus por natureza?
Se tudo podes porque é que não vejo comida à minha mesa?
Perdoa-me as dúvidas, tenho que perguntar.
Se sou teu filho e tu amas porque é que me fazes chorar?
Ninguém tem a verdade, o que sabemos são palpites
Se sangue é derramado em teu nome é porque o permites?
Se me destes olhos porque é que não vejo nada?
Se sou feito à tua imagem porque é que durmo na calçada?
Será que pedir a paz entre os homens é pedir demais?
Porque é que sou discriminado se somos todos iguais?

Porquê os Homens se comportam como irracionais?
Porquê as guerras, doenças matam cada vez mais?
Porquê a Paz não passa de ilusão?
Como pode o Homem amar com armas na mão? Porquê?
Peço perdão pelas perguntas que têm que ser feitas
E se eu escolher o meu caminho, será que me aceitas?
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei.
Eu acredito é na Paz e no Amor.

Por favor não deixes o mal entrar no meu coração
Dou por mim a chamar o teu nome em horas de aflição.
Mas tens tantos nomes, és Rei de tantos tronos…
E se o Homem nasce livre porque é que alguns são donos?
Quem inventou o ódio, quem foi que inventou a guerra?
Às vezes acho que o inferno é um lugar aqui na Terra.
Não deixes crianças sofrer pelos adultos.
Os pecados são os mesmos, o que muda são os cultos.
Dizem que ensinaste o Homem a fazer o bem.
Mas no livro que escreveste cada um só leu o que lhe convém.
Passo noites em branco quase sem dormir a pensar.
Tantas perguntas, tanta coisa por explicar
Interrogo-me, penso no destino que me deste.
E tudo que acontece é porque tu assim quiseste.
Porque é que me pões de luto e me levas quem eu amo?
Será que essa é a justiça pela qual eu tanto reclamo?
Será que só percebemos quando chegar a nossa altura?
Se calhar desse lado está a felicidade mais pura.
Mas se nada fiz, nada tenho a temer.
A morte não me assusta o que assusta é a forma de morrer.

Quanto mais tento aprender, mais sei que nada sei!
Quanto mais chamo o teu nome menos entendo o que te chamei.
Por mais respostas que tenha a dúvida é maior.
Quero aprender com os meus defeitos, acordar um homem melhor.
Respeito o meu próximo para que ele me respeite a mim.
Penso na origem de tudo e penso como será o fim.
A morte é o fim ou é um novo amanhecer?
Se é começar outra vez então já posso morrer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Através da análise da música “Que Deus”, de Boss AC, concluímos que o autor demonstra essencialmente uma atitude interrogativa.
O autor questiona-se se de facto Deus existe. É aí que vão começar a surgir todas as dúvidas e todas as interrogações do autor, características da atitude filosófica e que tentam compreender a existência de Deus. Essas perguntas são por exemplo as seguintes: “Porque é que os Homens são irracionais?”, “Porque a paz não passa de ilusão?”, “Se tudo podes porque é que não vejo comida à mesa?” e muitas outras.
Por outro lado, a música demonstra uma certa universalidade, especificidade da filosofia. Todos nós podemos ser filósofos, porque surgem sempre questões às quais nós escapamos e às quais tentamos responder. Tal como o autor, muitos de nós, de certeza, que já fizemos as perguntas: “Deus existe?” e “Porque existe a guerra?”.
Além de tudo isto, no início da música aparece uma pequena distinção de filosofia e religião.
Na parte final da música aparece a seguinte citação “…mas sei que nada sei”, que está a “imitar” a frase “Só sei que nada sei”, de Sócrates, pois como Sócrates o autor possui uma atitude crítica face às aparências e tenta que as pessoas tenham humildade para conseguirem atingir o verdadeiro saber.
Em conclusão, na música aparece um conjunto de características que de uma certa forma, a ligam à filosofia.

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