08 fevereiro 2007

O fundamental da atitude filosófica é a crítica

Bertrand Russel
"Deverá pois a iniciação filosófica assumir um carácter essencialmente crítico e consistir num debate dos problemas básicos que não seja dominado pelo intuito dogmático de cerrar as portas às discussões ulteriores."

Prefácio de António Sérgio a
"Os problemas da Filosofia",
de Bertrand Russel

1 comentário:

Anónimo disse...

O texto de António Sérgio reflecte os conselhos de um mestre para com o seu aprendiz, porém o que é de frisar é que este mestre, não se considera como tal, afirmando ser apenas “aprendiz mais velho”. Aí se pode constatar que mesmo que sejamos, ou melhor, que estudámos a Filosofia durante muito tempo, ainda que a ensinemos a outros, nunca devemos achar-nos na condição de sábios, porque só posso ser filósofo se a dúvida fizer parte de mim, ou seja, temos de ter dúvidas e ter uma atitude crítica para que, sem cessar, possamos estar sempre a aprender.
Seguindo-se esta mostra de humildade, o autor pede, no fundo incentiva ao seu jovem aprendiz “para não adoptar já soluções, não ler só a Filosofia de um autor ou de uma época”, mas que se cultive cada vez mais com outras filosofias, não para aumentar as soluções imediatas, mas para tornar as sua dúvidas cada vez mais profundas e pertinentes, e que para isso deverá analisar bem todas essas filosofias, de as compreender a fundo, para que possa ver objectivamente, sem ser deixar influenciar pelo o que o senso comum acha ter resposta, uma vez que este vendo bem (como diz a Stora) tem muitas suas “verdades” que acabam por cair em contradição.
O que de facto se faz de base à Filosofia é a crítica e a dúvida de forma q que o principal de esta ser estudada não seja em primeiro lugar o produto final que encerra, mas a maneira, e todo o trabalho que se teve para chegar até ele, pois só estudando a fundo, tendo essas dúvidas e críticas pertinentes poderemos enriquecer o espírito, a razão de todas as pessoas. Isto porque não se deve transmitir apenas conhecimentos, que serão decorados pelo aprendiz, mas incentivar cada um de nós a ter a dúvida e o espírito crítico e a evoluindo cada vez mais.
O que a Iniciação Filosófica deve assumir é uma atitude crítica de tudo o que a rodeia, não se deixando levar pelo que diz cada uma das filosofias, mas mantendo uma atitude de desconfiança a tudo o que se proporciona a tal, devendo “consistir num debate dos problemas básicos”, sem se dominar pelo dogma, mas olhando para lá dele, evitando que cessem outras possíveis fontes de discussão e de dúvida.
No meio do texto, o autor usa a palavra “Repito”. Isto para que possa repetir ao aluno, de uma forma diferente, para que se não o tivesse elucidado à primeira, o possa convencer que (repetindo agora eu) o que interessa, por exemplo, não é o fim do dia em que vamos descansar, mas tudo o que se passou nesse dia e que contribuirá para esse meu sono, ou seja, é mais valioso e aliciante ter essa atitude crítica que propriamente as conclusões que daí tiramos.
É nessa parte que o autor intervém dizendo que o Filósofo deve estar sempre atento a toda a sua volta, não discernindo situações que lhe pareçam indignas de atenção, mas tornando-se num ser activo, não “andando cá para ver outros andarem”; ou ainda de aceitar tudo pela fé infundada e depois tentar convencer os outros destas suas crenças dogmáticas. Também o autor quer o aprendiz ciente que não deve duvidar nem criticar “demasiado cedo”, mas sim aprofundar as seus conhecimentos para chegar à total compreensão do texto, e que para evitar este erro, a sua atitude deverá ser receptiva e humilde, porque se já tivesse noção e sabedoria de tudo, não teria a necessidade da dúvida, nem poderia ser filósofo, porque a este importa mais a dúvida que a resposta, porque é da dúvida que advém a resposta / verdade.
É nesta parte que se dá o maior conselho: se o aprendiz, já imiscuindo na intenção crítica não aceitar alguma ideia que o mestre lhe diga, deverá aceitar que não a entendeu, mantendo uma atitude humilde, verificando mais atentamente a dúvida que teve, impondo-lhe uma maior atenção e transpondo essa dúvida para o campo da sua experiência pessoal, para que sendo essa dúvida refeita, pelo nosso conhecimento e pela nossa razão pessoal, possa efectivamente ser atendida na sua totalidade.

Nuno Augusto Ferreira Saldanha Oliveira
10.º D, n.º 6638

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